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1º de Maio Internacional das Centrais Sindicais do Cone Sul: Perspectivas e Desafios

Publicado: 23 Abril, 2025 - 00h00 | Última modificação: 23 Abril, 2025 - 15h49

Em 2022, realizamos as comemorações do Dia Internacional das Trabalhadoras e dos Trabalhadores na região da Tríplice Fronteira, em Foz do Iguaçu (PR). Na ocasião, antecedendo o 1º de Maio, promovemos também o 1º Seminário sobre a Situação da Classe Trabalhadora na América Latina.

Desde então, temos trabalhado nesse sentido porque compreendemos a importância simbólica tanto da data quanto do local. Isso nos aponta, principalmente, para a necessidade de manter viva a chama de nossa organização internacional na região, envolvendo as centrais sindicais brasileiras e as dos países do Cone Sul - além do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile.

Especialmente no que diz respeito à manutenção das relações sindicais entre as entidades dos países que compõem o MERCOSUL, para que possamos acompanhar o trânsito da militância sindical, sua organização, seus acordos de cooperação e negociações com patrões e governos em cada país. Desse modo, podemos extrair os melhores aprendizados e buscar sua implementação também em nossos países, além de resistir à ofensiva e à voracidade do capital transnacional. Este, periodicamente, dependendo dos ventos políticos, aprofunda sua ofensiva sem qualquer pudor em utilizar instrumentos e modelos de regimes historicamente condenados, como o fascismo das décadas de 1920 e 1930.

A ganância do capital especulador em sua busca pelo lucro e pela exploração da classe trabalhadora não conhece limites, chegando mesmo a romper com governos democraticamente eleitos. É nesse contexto que o 1º de Maio assume importância fundamental para as classes trabalhadoras latino-americanas - momento para unificarmos nossas vozes, pois sabemos que o mundo, dividido geograficamente em áreas de influência pelas maiores economias, deixou-nos sob o jugo das grandes potências mundiais. Estas só são potências porque exploram as riquezas dos países pobres ou em desenvolvimento, detentores de recursos naturais, como são as nações latino-americanas e africanas.

Portanto, o Dia Internacional das Trabalhadoras e dos Trabalhadores representa nossa resistência aos ataques sofridos pela classe trabalhadora em todos os cantos do planeta. É nossa oportunidade de declarar, em alto e bom som, que não mais aceitaremos tratamento servil. Muito pelo contrário: é dia de afirmar que as trabalhadoras e os trabalhadores da América Latina e do mundo estão organizados para manter e avançar em suas conquistas históricas, fruto da luta e da organização de sindicatos, federações e centrais sindicais enraizadas há décadas nesses países.

Para tanto, compreendemos ser fundamental acompanhar todos os aspectos da vida da classe trabalhadora, principalmente o político. Como na Argentina, onde o desgoverno Milei congela direitos e retira benefícios trabalhistas, ou no Brasil, que se aproxima de eleições gerais - momento crucial para a classe trabalhadora lutar pela manutenção de um governo democrático e popular, que preserve e amplie políticas públicas e programas sociais para quem mais precisa.

Um governo que continue valorizando o salário mínimo, incluindo as trabalhadoras e os trabalhadores não apenas como produtores de riqueza, mas como aqueles que dela podem usufruir, consumindo o que produzem com sua força de trabalho. Somente assim se constrói uma nação justa, digna e democrática, onde trabalhadoras e trabalhadores sejam plenos cidadãos.

É nesse sentido que a CUT Paraná mais uma vez convoca as demais centrais sindicais brasileiras - Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central de Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil (CTB), Força Sindical, Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) e União Geral dos Trabalhadores (UGT) -, somando esforços com a Central Sindical das Américas (CSA-TUCA) e a Coordenadoria de Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS). Esta última reúne as centrais argentinas [CGT, CTA-A e CTA], paraguaias [CUT, CUT-A e CNT] e uruguaia [PIT-CNT]. Do Brasil, participa também a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), unindo-se à organização do 1º DE MAIO - DIA INTERNACIONAL DAS TRABALHADORAS E DOS TRABALHADORES DAS CENTRAIS SINDICAIS DO CONE SUL e do II SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE A SITUAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA NA AMÉRICA LATINA, ambos a ocorrer em Foz do Iguaçu nos dias 1º e 2 de maio.

Com o objetivo de ultrapassar o caráter meramente político de um ato comemorativo, os eventos do 1º de Maio na Tríplice Fronteira buscam promover reflexões sobre o estado atual da organização das trabalhadoras e dos trabalhadores na América Latina, abordando temas cruciais em suas pautas. Questões como a estruturação de nossas centrais e sindicatos, a busca incansável por trabalho digno, a transição justa, a redução da jornada sem perda salarial e diretrizes para o sindicalismo do futuro serão tratadas no II Seminário Internacional.

Esperamos que trabalhadoras e trabalhadores atendam a este chamado e venham com suas centrais, federações e sindicatos somar forças conosco no 1º de Maio Internacional e no II Seminário.

Viva o 1º de Maio - Dia Internacional das Trabalhadoras e dos Trabalhadores!

Viva as Centrais Sindicais do Cone Sul!

Marcio Kieller é Presidente da Central Única dos Trabalhadores do Paraná – CUT/PR e Mestre em Sociologia Política Pela Universidade Federal do Paraná - UFPR