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Artigo

2018: lutar pelo Estado democrático e reconquistar direitos

Publicado: 20 Dezembro, 2017 - 00h00

“Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa”
(Apesar de Você, Chico Buarque).
        
Um breve balanço de 2017 mostra que a classe trabalhadora brasileira organizada não assistiu passivamente ao golpe e a todos os desmandos e ataques aos direitos que vieram na sequência. Não foi sem resistência que tivemos muitos direitos, arduamente conquistados, ceifados por um governo ilegítimo e seus apoiadores no Congresso Nacional, onde 70% dos deputados foram eleitos por dez empresas e apenas a elas representam.

Temer e seus apoiadores golpistas no Congresso, na mídia e no Judiciário derrubaram um governo legitimamente eleito, mas o ilegítimo não conseguiu referendar seu governo. Não conquistou corações e mentes e termina 2017 como o presidente com o maior índice de reprovação da história brasileira, menos de 4% de aprovação. Ressalte-se que, além de medidas antipopulares, grande parte da rejeição a Temer se deve à luta dos trabalhadores e das trabalhadoras, cuja voz foi ignorada na chamada Casa do Povo.  

Nós resistimos às inúmeras etapas do golpe e resistiremos àquelas que ainda estão em curso até que possamos restabelecer a democracia no Brasil e resgatar todos os nossos direitos assaltados.

Nossa pauta durante 2017 foi em defesa da Constituição, da soberania nacional, dos recursos energéticos, das políticas públicas de combate às desigualdades, da educação e saúde públicas, universais e de qualidade, dos direitos trabalhistas e de nosso direito à seguridade social.

Começamos o ano com um belíssimo 8 de março onde mulheres de todo o país ocuparam as sedes do INSS, e seguiram em marcharam nas principais capitais em defesa do direito de se aposentar. 

Em 15 e março foi a vez dos trabalhadores da educação mobilizados que fizeram uma longa greve e ao mesmo tempo deram impulso junto com os demais ramos da classe trabalhadora que ocuparam as ruas, estações de metrôs, ônibus e espaços de grande concentração num forte processo de conscientização das bases sobre o que estava em jogo na ‘deforma da previdência’ proposta pelo governo golpista.

A CUT e todos os sindicatos filiados estiveram à frente da formação, organização e mobilização da classe trabalhadora por todo o país. Na cidade e no campo os trabalhadores e as trabalhadoras cutistas resistiram. Tanto os trabalhadores e trabalhadoras do setor público quanto do privado, lideraram  grandes lutas contra o PEC/55 (EC-95), em defesa da garantia do orçamento público para assegurar os direitos sociais e políticas públicas e também contra a Lei da Terceirização, a Antirreforma Trabalhista e a famigerada reforma da Previdência.

Em abril, fizemos a maior greve da história do país. Não apenas as grandes cidades amanheceram silenciosas, mas trabalhadores e trabalhadoras de todo país, do setor produtivo, do comércio, serviços e do transporte cruzaram os braços, fechamos rodovias e encerramos o dia 28 de abril em grandes atos. A mídia golpista tentou nos criminalizar escolhendo a dedo termos como ‘baderna’, ‘destruição’ e tornaram proibitiva a expressão “greve geral” em suas redações. Mas a imposição desse silêncio foi inócuo: nossa greve ganhou a atenção da mídia internacional e mais uma vez barramos a votação da antirreforma da Previdência.

Em maio, cerca de 250 mil trabalhadores ocuparam Brasília contra a votação da antirreforma da Previdência. Fomos brutalmente reprimidos pela tropa de choque e bombardeados por helicópteros.  

Para ampliar nossa resistência é preciso fortalecer a mobilização da classe trabalhadora.  Nesse processo de tantas lutas, as políticas de ação da CUT constroem a formação de trabalhadores e trabalhadoras: políticas da juventude, das mulheres trabalhadoras, de combate ao racismo; ampliação da rede militante de dirigentes formadores, formação de dirigentes de ponta e disputa pela qualificação profissional.  

Nossa rede, em parceria com movimentos sociais e mandatos de esquerda, investiu na formação popular, que deve seguir de forma permanente, assim como nossa política internacional no campo da Formação, pois os ataques da reestruturação do capital aos nossos direitos se dão em todo o mundo. 

Sabemos que a formação sindical também se faz na luta e, em 2018, estaremos ao lado de todo o campo democrático pela eleição de Lula, que é o candidato do povo brasileiro, o candidato da classe trabalhadora no enfrentamento de uma conjuntura que favorece os interesses econômicos da classe dominante.

Nossos desafios de 2018, portanto, são continuar a construir a luta nas ruas, nas greves, nos sindicatos, em nossas organizações, disputando mentes e corações, apresentando o nosso projeto democrático, justo e solidário para o Brasil