A era da dissimulação
Publicado: 25 Novembro, 2017 - 00h00
As novas tecnologias revolucionaram o acesso à informação. O conhecimento se tornou o bem mais valioso no mundo do trabalho e na geração de riqueza. Lamentavelmente, a nova era do conhecimento também é marcada pelo falseamento, a mentira e a dissimulação. A inteligência humana, justo no momento em que poderia se libertar, é acorrentada no labirinto de informações pré-fabricadas por corporações com o intuito de manipular e domesticar.
A reforma trabalhista fundamenta-se em três dissimulações. Já se comprovou que desemprego inibe a reivindicação de direitos e aumenta a oferta de trabalho barato. O desemprego permanecerá elevado por ser benéfico aos propósitos econômicos e políticos do empresariado. A reforma trabalhista foi feita para reduzir custos e não para gerar empregos.
Fala-se que a reforma na CLT, que não foi problema para o Brasil atingir o pleno emprego em 2014, é a condição para nos modernizarmos. Este arroubo modernizador não condiz com a natureza do empresariado tupiniquim. Se analisarmos a nossa história política, concluiremos que o atraso faz parte do DNA da elite brasileira. A mesma elite que foi contra a abolição da escravatura, zombou da república, negou o reconhecimento dos direitos do trabalho no pré-30, conspirou contra a constituição do estado nacional nos pós-30, comemorou o regime militar, retardou o processo de democratização e, atualmente, patrocina um retrocesso assustador.
A reforma trabalhista também promete levar proteção aos que vivem à margem da CLT. Afirma com entusiasmo que agora os trabalhadores podem negociar condições mais vantajosas diretamente com os seus empregadores. Para isto, sem nenhum pudor, a reforma abre espaço para “contratos” verbais e tácitos. Acontecerá o oposto. A informalidade inundará os contratos de trabalho que sobreviviam com algum grau de dignidade. Infestada de inconstitucionalidades, essa reforma passará para história como a maior fraude praticada contra o direito do trabalho.