A importância de não baixar a guarda nunca
Publicado: 02 Julho, 2011 - 00h00 | Última modificação: 17 Novembro, 2014 - 13h48
No ano de 1973, ao lado do hoje escritor Paulo Coelho, Raul Seixas compôs para seu disco de estreia a canção “Mosca na Sopa”. Em pleno período de ditadura militar, eles lembravam: “não adianta vir me dedetizar, porque você mata uma e vem outra em meu lugar.”
Assim funciona o movimento sindical. Os lutadores passam, muitos deixam saudades e lições com as quais aprendemos, mas sempre é necessário que apareçam “moscas” para incomodar a repressão, a injustiça e a desigualdade.
Em 2002, ao perder o poder e os privilégios atrelados a ele, a ala conservadora da sociedade brasileira buscou inúmeras fórmulas para retomá-lo. Mesmo que esse desejo não estivesse ligado a um projeto capaz de melhor as condições de vida dos brasileiros e brasileiras, mas sim ter de volta os benefícios que mantinha há 500 anos.
Foram inúmeras tentativas de golpe, sempre com apoio considerável da velha mídia. Análises catastróficas, previsões tenebrosas que não ser confirmaram. Ao contrário, um trabalhador conduziu um governo que, diferente do anterior, não terminou em tom melancólico, mas com recorde de aprovação e de distribuição de renda.
Nas eleições seguintes, o povo brasileiro escolheu aprofundar essas mudanças com a eleição da presidenta Dilma Rousseff. Disse sim à continuidade da ampliação da inclusão na educação, ao acesso à casa própria, à melhoria de vida por meio da melhoria da renda.
Além de suceder um governo progressista, ao contrário do que aconteceu com o ex-presidente Lula, a primeira mulher presidente assumiu com maioria no parlamento. Porém, discussões sobre temas como o Código Florestal, na Câmara, e o kit de combate à homofobia nas escolas demonstraram que a governabilidade não seria fácil e nem poderia simplesmente se basear em bons projetos.
Aí é que nós entramos. Convivemos com um governo em disputa, inclusive com fatias conservadoras dentro dessa máquina, e a função essencial da Central Única dos Trabalhadores, diante desse cenário, deve ser colocar a militância nas ruas para que os avanços aconteçam.
Para isso é preciso contrariar até mesmo quem jura defender os trabalhadores, mas não aceita, de jeito nenhum, estabelecer uma relação democrática com eles, substituindo o imposto sindical por uma contribuição negocial definida em assembleia pelas categorias. Quem tem poder de negociação e combatividade não teme perder base, como é o caso da CUT.
O fim do imposto e a liberdade e a autonomia sindical será uma de nossas bandeiras no momento em que novamente os setores conservadores se reúnem para dizer que o salário é o vilão da inflação e que já tivemos muita distribuição de renda nesse país, com a ascendência de tantas pessoas para novas classes sociais. Para eles, o momento agora é de concentrar renda novamente, paralisar o processo de desenvolvimento.
Nossa principal missão, neste 6 de Julho, Dia Nacional de Mobilização da CUT, será mostrar à população que é preciso manter o processo de distribuição de renda num país que ainda ostenta a vergonhosa marca de 35 milhões de miseráveis.
A aliança da Central Única dos Trabalhadores é com a classe trabalhadora e nossa arma é a mobilização, sempre, sem nunca baixar a guarda. Porque os que não desejam um país mais justo, igualitário e com condições dignas de trabalho estão sempre atentos e possuem muitas e poderosas armas.