MENU

Artigo

Com o poder do voto, vamos ampliar os direitos e conquistas da população negra brasileira

Publicado: 15 Janeiro, 2018 - 00h00

Companheiros e companheiras, feliz ano novo.

Em 24 de janeiro de 1835 ocorria em Salvador a Revolta dos Malês, um  levante de escravos  que teve esse nome devido aos negros de origem islâmica  "malê", que significa "muçulmano" no idioma Iorubá. A capital da Bahia contava com cerca de 65.500 habitantes, sendo que 40% eram pessoas escravizadas.  O descontentamento com as condições de vida era claro, mesmo entre as pessoas não escravas.

Embora derrotado, o levante foi um episódio importante que, a longo prazo, foi enfraquecendo o sistema escravista, funcionando como um espelho para o restante de escravos no Brasil, desencadeando outros conflitos. A resistência se tornou parte do cotidiano, e a liberdade era mais que um sonho, era um projeto, um objetivo a ser alcançado.

E o que podemos aprender com essa Revolta?

Esse é um exemplo importante para o fortalecimento das nossas lutas, as que já travamos e as que ainda estão por vir. O julgamento do presidente Lula será só um capítulo do que nos espera para este que começa e será marcado por eleições gerais.

Durante os governos Lula e Dilma tivemos ganhos qualitativos nas condições de vida da população, principalmente os negros que sempre estiveram a margem da sociedade. Ousamos fazer uma política que não era ditada somente por forças externas, como o mercado, as empresas e os meios de comunicação. Buscamos um projeto político que tinha como eixo fundamental a mudança das condições de vida e diferentes formas de combate ao racismo. A questão racial passou a fazer parte do debate nacional.

Depois do golpe tivemos muitas perdas. Políticas que estavam sendo consolidadas foram destruídas, por isso é urgente resistir e reagir a esse cenário.

E este ano já desponta trazendo enormes desafios. Nesse mesmo dia 24 de janeiro acontecerá em Porto Alegre o julgamento do companheiro Lula buscando aniquilação de um personagem político pela via de mecanismos judiciais por meio de um processo aparentemente legal.

Talvez nunca, como agora, essa questão tenha sido colocada de maneira tão crucial. Nossa responsabilidade histórica é responder aos desafios que estão colocados, através de uma expressão política que represente os anseios do povo negro desse país. Este é um desafio político fundamental para a militância negra no presente.

É preciso ampliar os direitos e conquistas e nossa arma será o poder do voto. Precisamos alterar o perfil dos deputados e senadores, pois neste cenário onde nos encontramos dificulta o avanço e a a consolidação de políticas públicas voltadas a diminuir o abismo entre negros e não negros no Brasil.

Nossos votos precisam ser assentados na história, nas ações, nas trajetórias dos candidatos no campo da igualdade racial e dos direitos humanos. É preciso identificar quais forças políticas estão apostando no retrocesso, no conservadorismo e responder a elas nas ruas e nas urnas.

Somos mais de 50% da população e sabemos que não haverá transformação real sem a participação dos negros e negras. Vamos juntos mostrar a nossa força. Não podemos falhar na disputa por consciência, precisamos aglutinar essa insatisfação para promover mudanças profundas e eleger Congresso comprometido com trabalhadores. Precisamos resgatar a democracia, fortalecer a mobilização dos trabalhadores e da luta.

Viva a nossa luta!

Somos fortes, somos CUT!