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Artigo

Conferência Mundial dos Povos: por um mundo sem muros rumo à cidadania universal

Publicado: 26 Junho, 2017 - 00h00

Durante dois dias a cidade de Cochabamba na Bolívia se tornou o centro de discussões sobre a dignidade das populações, os direitos humanos e trabalhistas dos migrantes, dos refugiados e a defesa da diversidade cultural.  O encontro aconteceu nos dias 20 e 21 de junho. Participaram mais de quatro mil pessoas representantes de quarenta e três países de quatro continentes.

A convocatória foi feita pela Coordenação Nacional pela Mudança (Conalcam), uma frente de sindicatos e movimentos sociais e populares, em parceria com o governo boliviano. O presidente Evo Morales, em seu discurso na cerimônia de encerramento, afirmou a importância de realizar uma reunião mensal com os movimentos para discutir a conjuntura e as políticas públicas.

Os bolivianos possuem uma história milenar que remonta aos tempos do Império Inca e outros povos originários. Este país da América Latina, durante muito tempo foi oprimido. A opressão varia desde a escravidão colonial até a recente exploração neoliberal de governos conservadores.

Hoje a Bolívia é um exemplo para o mundo. Suas lutas sociais lograram construir um governo popular com políticas públicas de desenvolvimento econômico, distribuição de renda e políticas sociais para a maioria do povo.

No entanto, no contexto mundial adverso no qual estamos inseridos, nenhum país está imune às pressões do imperialismo. O presidente Donald Trump propõe a construção de um muro para isolar os EUA não apenas do México como também de toda a América Latina.  As ações do governo estadunidense também abrem caminho para ampliar a deportações em massar de imigrantes. Além disso, Trump retrocede nas relações com Cuba.

Em vários países do mundo, governos aproveitam a crise econômica para retirar direitos da população ao mesmo tempo que fortalecem o sistema financeiro e concentram renda. Uma saída conservadora no velho estilo socialização dos prejuízos e privatização dos lucros. Na Europa, lideranças políticas de direita buscam colocar a culpa pelos problemas econômicos e sociais nos trabalhadores migrantes e nos refugiados.

Nesta conjuntura, nosso papel é combater todo tipo de discurso xenófobo. As migrações em massa são geradas pela divisão internacional do trabalho e devido às guerras causadas pelas potências imperialistas. Os governos que resistem a esta lógica, criam mecanismos de crescimento econômico com distribuição de renda, aumento dos salários, diminuição do desemprego e políticas sociais.

Porém, esses regimes sofrem com boicote econômico, ataques por parte da imprensa tradicional, partidarização do judiciário e pressão artificial nas redes sociais por meio de robôs virtuais. As elites globais e nacionais se articulam em seus fóruns econômicos e políticos mundiais, assim como treinam e financiam grupos oposicionistas nos países contra-hegemônicos.

Para fazer frente a esta ofensiva globalmente organizada é necessário ampliarmos, entre os movimentos de todas as nações e países, a articulação, o diálogo e a solidariedade internacional. Os mandatos parlamentares e governos populares devem redobrar esforços para a abertura das fronteiras e a garantia de livre circulação das pessoas. Além de reforçar o acesso às políticas públicas já existentes e investir nas pautas específicas para os trabalhadores migrantes.