CUT e MST: nossa parceria, motivo de orgulho
Publicado: 20 Abril, 2010 - 00h00
A CUT é parceira histórica do MST e temorgulho disso. A busca por um novo modelo agrário para o Brasil é luta mais quejusta, digna. É também de interesse de todos os brasileiros e brasileiras, poisa reforma agrária e a valorização da agricultura familiar são fatores dedesenvolvimento nacional, de soberania, de inteligência estratégica frente a ummodelo econômico exaurido, para rumar a uma nova sociedade.
É uma luta de combate à pobreza, claro, epara por fim a práticas que deveriam estar extintas há muito tempo no Brasil,como já aconteceu em países desenvolvidos, ainda que capitalistas. Terrasimprodutivas na mão de umas poucas famílias, muitas recorrendo ao emprego detrabalho escravo e outras tantas usurpando dinheiro e terras públicos,utilizando-se de grilagem ou de subsídios e incentivos fiscais para, em troca,não gerar emprego, não produzir alimentos para a sociedade, para não pagartributos.
São razões suficientes para qualquercidadão se sentir parte interessada na reforma agrária. Se todos ainda pudessementrar em contato com assentamentos bem organizados nascidos da luta pelaterra, o apoio popular seria ainda maior, seria imenso. Essa luta é por um paísdesenvolvido, antenado com o século 21, que gera riquezas e inclui seu povo,onde crianças são saudáveis e idosos têm dignidade. É a busca por um novo eixopara distribuir renda e ainda respeitar o meio ambiente.
A Jornada Nacional da Reforma Agrária queacontece agora em abril é, portanto, de extrema importância para a maioria daspessoas. Pena que os meios de comunicação insistam em tratar o movimento dostrabalhadores rurais sem terra como se fosse criminoso. A partir degeneralizações e raciocínios fáceis, tentam vender a imagem de que existemoutros caminhos para a reforma, como se houvesse por aí várias pequenas propriedaderurais à venda para quem quiser produzir e que, por isso, as ocupações seriamum jeito malandro, faceiro, de escapar daquele único destino que credenciariaas pessoas como "gente de bem": trabalhar muito, guardar economias por anos eanos e, aí sim, ousar ter uma propriedade.
Dessa forma apelativa, tentam confundir aspessoas, incluindo especialmente as pessoas de bem. Mas os grandes meios decomunicação esquecem, de propósito, de contar um detalhe fundamental que,revelado, seguramente desfaz qualquer engano ou efeito ilusório: não há umconjunto de propriedades rurais à venda para pequenos agricultores, o queexistem são imensos latifúndios, cercados de arame farpado e de jagunçosarmados, muitos sem nada produzir, sendo que deles foram desalojados de maneiracriminosa, tempos atrás, muitos dos que hoje buscam a reforma agrária e aquelesque os antecederam nessa luta.
As ocupações são um instrumento justoporque, muitas vezes, o único. Por isso pressionamos governos para que abracempoliticamente a luta e adotem instrumentos que façam a reforma agrária avançarconcretamente. Nossos sindicatos, rurais ou urbanos, têm em suas pautasreivindicatórias as bandeiras da atualização dos índices de produtividade daterra - os índices atualmente aplicados referem-se à realidade produtivaagrícola que existia há mais de 30 anos -, pela aprovação da PEC do trabalhoescravo - terra onde for flagrada escravidão, desaproprie-se para a reformaagrária - e da aprovação do limite de propriedade da terra.
Em diversos estados onde o movimento atua,a CUT ajuda como pode. No interior de São Paulo, por exemplo, recentementelideranças nossas acompanharam de perto o drama de dirigentes do MST presos.
Nossos sindicatos de trabalhadores rurais,na Contag e na Fetraf, dedicam-se intensamente a também realizar ocupações e abuscar sem trégua a melhoria do apoio à agricultura familiar e à estrutura fundiária, especialmente através de nossas mobilizações do Grito da Terra eda Jornada Nacional de Lutas da Agricultura Familiar. Incluímos aí propostaseconômicas para viabilizar, dinamizar e profissionalizar a pequena produção,esta que é, segundo não apenas evidências mas também uma recente pesquisa doIBGE, a locomotiva da produção de alimentos para os brasileiros e a principalaliada do respeito à natureza e a proteção das matas. Essa pesquisa do IBGE,por sinal, traz dados que comprovam avanços e, por isso, nos estimulam nocombate.
MST, conte com o movimento sindical cutistanessa luta que é de todos nós.
Artur Henrique, presidente nacional da CUT