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Artigo

Democracia ou barbárie

Publicado: 17 Agosto, 2022 - 00h00

Otto Adolf Eichmann, o burocrata responsável pela logística de transporte de milhares de judeus para os campos de concentração nazista, foi levado ao banco dos réus, em 1961. O júri esperava um monstro, mas se deparou com um homem ordinário, cumpridor de leis e sem excessos em sua vida pregressa.  

Durante o julgamento, ele repetiu com insistência que apenas cumpriu ordens e que tudo fez para evitar sofrimentos desnecessários. De Adolf Hitler, o Führer, esperava apenas aprovação do cumprimento do dever. A incapacidade de Eichmann de se inquietar com o horror levou a filósofa Hannah Arendt a formular o conceito do mal banal.

O totalitarismo é voraz e expansivo. Quando alojado nas estruturas de estado, segue contaminando a sociedade, debilitando as instituições e inundando o cotidiano com excessos. Só os cínicos são capazes de negar que o presidente infesta a sociedade brasileira com suas pretensões totalitárias. Só os cúmplices fazem de conta que não enxergam os crimes. Só os tolos acreditam que estão a salvo.

Assim como o nazista Eichmann, a legião de insensatos que viceja em nosso país já sabe o que fazer. As ordens foram dadas. Machos, que não suportam serem dispensados, assassinam suas ex-companheiras. Os exterminadores de jovens negros na ´periferia são elogiados.

Gestores assediam e depreciam os trabalhadores descaradamente. Intolerantes, “por motivos torpes”, atiram contra seus adversários políticos. Monstros de jaleco estupram impiedosamente. Bombadões arrogantes intimidam com seus músculos e armas quem os contradizem. O treino para uma explosão de violência já iniciou faz tempo.

 Apesar das tentativas de dar caráter de normalidade, o Brasil não submergirá a um tirano bufão. O totalitarismo será vencido pela democracia. A esperança vai derrotar o ódio, o medo e a intolerância.

Estamos prestes a viver mais uma primavera democrática e o nosso povo vai virar essa página horrenda da nossa história, algo que infelizmente as instituições da República têm sido incapazes de fazer.