Golpe no coração da América do Sul
Publicado: 15 Abril, 2016 - 00h00
Nos dias que antecedem um golpe, qualquer observador menos atento ainda pode ter dúvida de que se trata de uma tentativa de desestabilização de um governo eleito democraticamente pelo povo brasileiro, isto graças aos esforços que os meios de comunicação vêm empreendendo para dar cara de normalidade a esta violação da ordem democrática, que durante este momento tem como seu maior algoz aquele que deveria zelar por democracia, o STF - Supremo Tribunal Federal.
Outrora as Excelências de toga ficaram ressentidas quando foi dito que se acovardaram, algo que ouso discordar do maior líder político da história deste Pais, pois covardes não fazem o que eles estão fazendo, sendo protagonistas de um golpe de Estado. Eles e elas, ministros e ministras da Suprema Corte, estão subtraindo a fé que o povo deposita na Justiça, trata-se de desvirtuar as razões da República. Sinto vergonha de ser contemporâneo deste momento da cena nacional. Se Lula errou foi por ter criticado a menor os Ministros da Suprema Corte, em uma ligação vergonhosamente grampeada por um enorme descaminho de um Poder Judiciário mancomunado com a grande imprensa e com interesses dos inimigos da Constituição.
Os ataques os quais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta Dilma Rousseff sofrem têm as suas razões fundamentadas na ousadia de fazer diferente, como permitir investigações, investir na independência do Ministério Público Federal, reequipar a polícia federal e transformá-la em um Órgão de Estado, ao contrário dos seus antecessores que cerceavam a atuação dos instrumentos do Estado para elucidação dos maiores esquemas de corrupção da nossa história, as privatizações criminosas, a compra de votos para a emenda de reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Parece que o povo atordoado esquece subitamente do que os opositores de hoje fizeram desta Nação em passado recente.
A vontade de encurtar o caminho até o Palácio do Planalto da oposição e do líder dos conspiradores, o mordomo de filme de terror Michel Temer, que em qualquer República séria teria levado uma reprimenda por crimes de conspiração e de alta traição contra a mandatária legitimamente eleita pelo povo, poderá levar o Brasil a um caminho sem volta, onde a vontade popular expressa nas urnas não terá mais relevância, nada soa mais comum para os inimigos do povo e da democracia. O novo consórcio de poder que vem se formando é composto de corruptos já condenados, de um presidente da Câmara réu incontestavelmente envolvido em crimes de toda sorte, mas agora ousou a violar das regras da República, dar um golpe para tentar salvar o próprio pescoço.
A República sobreviverá, o golpismo não vencerá. Seja qual for o resultado da votação na Câmara dos Deputados no próximo domingo, as ruas continuarão a ser o lugar de luta dos combativos defensores da democracia, que não é patrimônio de um partido político, de nenhum grupo social específico, mas de todo o povo que vive o maior período democrático da República, que já nasceu com um golpe em 1889.
Tenho a certeza que o povo reagirá como já vem reagindo, pois não podemos achar normal em Nenhum País do Mundo prisões temporárias eternas até que se fale, até mesmo difícil é o passarinho na gaiola não cantar, pois a tristeza toma conta daquele que nasceu para viver nas asas da liberdade. Assim é o homem, que segundo a Declaração do Direitos, obra prima da Revolução Francesa, nasceu para ser livre, e livre há de viver e determinar os rumos da nação.
Aqui deixamos um alerta para que não punam aqueles e aquelas que fizeram uma verdadeira revolução sem um disparo de arma de fogo, incluíram os pobres no direito sagrado de ter o alimento para saciar a fome, deram a oportunidade de milhões de jovens acessar o ensino médio e a Universidade, fizeram milhares em pleno século XXI verem o piscar de uma lâmpada e descobrirem a energia elétrica, pois a história não irá perdoá-los pela tentativa do golpe de 2016.
Não se enganem, vamos resistir até o fim, pois somos parte da consciência coletiva de um povo que experimentou o orgulho de ser brasileiro.