Impactos das Tecnologias Digitais no Mundo do Trabalho
Publicado: 01 Março, 2024 - 00h00
A tecnologia tem tido um impacto significativo no mundo do trabalho, tanto positiva quanto negativamente, apresentando desafios que requerem atenção e adaptação para garantir que os impactos sejam gerenciados de maneira equitativa e positiva para a sociedade como um todo.
A evolução exponencial da era digital irá promover a desigualdade e este problema provavelmente irá se agravar nas próximas décadas. O robô e a inteligência artificial(IA) aumentará substancialmente as taxas de desempregos ao longo do tempo. Podemos considerar que a Automação Industrial; a IA e a automatização de tarefas são as principais evoluções tecnológicas que mais impactaram contribuindo com a diminuição de postos de trabalho, nos últimos anos.
A seguir temos alguns pontos do avanço tecnológico no mundo do trabalho: desemprego estrutural; desigualdade; isolamento social; risco para a saúde mental; dependência tecnológica; exploração desmedida do trabalho, entre outros.
As alterações da relação capital trabalho são evidentes e a necessidade da participação da representação da classe trabalhadora nesse processo maior ainda, lembrando que além da redução dos postos de trabalho existe o crescimento da precarização.
Podemos destacar alguns pontos de extrema importância, que são: Uberização, Corrida Educacional, Polarização do Trabalhador e a Inteligência Artificial.
Uberização – Termo que surgiu em 2014 e que marca um novo tipo de relação capital e trabalho. Suas principais características são: renda inconstante; estresse elevado e Burnout; falta de seguridade; trabalho excessivo; entre outros.
Corrida Educacional – “Quanto menos trabalhadores estiverem disponíveis para realizar uma determinada tarefa e mais os empregadores precisam que essa tarefa seja realizada pelos trabalhadores (em vez de, por exemplo, máquinas ou algoritmos), maior será o valor económico dos trabalhadores e, portanto, seus ganhos potenciais”. (David Autor, economista americano).
A velocidade da evolução tecnológica anula o conceito de oferta e demanda citado anteriormente, criando uma necessidade por crescimento educacional para se manter nos empregos, sem ganhos econômicos, e precarizando os empregos de níveis educacionais mais baixos devido a substituição a longo prazo.
Polarização do Trabalhador – Devido as necessidades criadas a partir da evolução tecnológica o trabalhador está se polarizando em duas extremidades:
Na extremidade superior um quadro crescente de ocupações de alto nível educacional e de altos salários oferecendo fortes perspectivas de carreira, aumento dos rendimentos ao longo da vida e segurança significativa no emprego. No outro extremo, a baixa escolaridade, ocupações de baixos salários, muitas vezes em serviços pessoais, proporcionam pouca segurança económica e crescimento dos ganhos na carreira.
E os empregos tradicionais de nível intermediário em produção, operações, escritório e apoio administrativo e as vendas estão em declínio, exigindo cada vez mais qualificação sem ganhos econômicos.
Inteligência Artificial - Qualquer conclusão da evolução da IA, nos moldes que conhecemos, deve ser avaliada constantemente. Sua evolução é muito mais rápida do que imaginamos e podemos considerar que vivemos uma “Era de incertezas da IA”.
Sem a participação da representação do trabalhador no debate, evolução tecnológica nas relações de trabalho, o que se encontra nas redes são exclusivamente conclusões positivas da melhora da produtividade como principal resultado, o que não condiz com a realidade. Surge junto, vários desafios para o movimento sindical: agir para que a supervisão pública garanta o respeito aos direitos trabalhistas; compreender os novos modelos de organização produtiva; inserir jovens nas discussões estratégicas; conhecer paises que aplicam este modelo industrial e os impactos para os trabalhadores. O resultado líquido na empregabilidade depende da capacidade de adaptação dos trabalhadores e da sociedade como um todo, se fazendo de extrema importância a participação do sindicalismo na construção de políticas de curto e longo prazo centrados em educação e formação, mercado de trabalho e na própria política de inovação.
Por Maicom Borges
Diretor do Sindiquimica Ba
Secretario Setorial Petroquímica e de Fertilizantes - CNQ-CUT
Coordenador do Macrossetor do Estado da Bahia - CUT
Conselheiro Estadual do Estado da Bahia - CUT