Incoerência e oportunismo
Publicado: 29 Maio, 2018 - 00h00
Incoerência, segundo o dicionário, é ausência ou inexistência de coerência. É incongruência ou contradição. É característica de uma pessoa incoerente, que fala uma coisa e faz outra completamente diferente. No entanto, é tratada como virtude na obra “O Príncipe”, de Maquiavel, escrito no século XVI, mas ainda um livro de cabeceira de certos políticos.
Já oportunismo é a habilidade em aproveitar os fatos ou circunstâncias para obter algo. É a prática de conduta adotada por uma pessoa que, visando poder e vantagens, faz uso de métodos desleais e inescrupulosos, sacrificando princípios e valores.
Desde que foi empossado, o governador José Ivo Sartori vem pregando o caos no Estado. Arrochou e parcelou salários dos servidores, aplicou tarifaço no ICMS, aprovou a extinção de fundações e vendeu ações do Banrisul, dentre outras maldades.
Passou quase todo o mandato tentando aprovar uma PEC para acabar com a obrigatoriedade do plebiscito para a privatização da CEEE, Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e Sulgás. Porém, diante da resistência dos funcionários e da oposição na Assembleia Legislativa, não conseguiu votos suficientes e a proposta sequer foi votada.
Agora, no apagar das luzes, Sartori deu um “cavalo de pau” e enviou requerimento aos deputados para que haja plebiscito sobre a venda das três empresas públicas e lucrativas junto com as eleições de outubro. De exterminador da consulta popular passou a ser ardoroso defensor.
O plebiscito é um valioso instrumento de democracia participativa. Foi conquistado após mobilização dos bancários para proteger o Banrisul como banco público, tendo sido estendido para outras estatais e aprovado por unanimidade, em 2002, inclusive com o voto de Sartori, que era deputado estadual. Não pode ser utilizado na lógica do mercado nem para desviar as atenções da população do balanço necessário de um governo medíocre, entreguista e submisso aos interesses privados.
Claudir Nespolo
Presidente da CUT-RS