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Artigo

Lutar Sempre

Publicado: 08 Março, 2024 - 00h00

Lutar Sempre! Imperativo para as mulheres trabalhadoras num país com um dos maiores índices desigualdades sociais do mundo. Não será diferente neste 8 de março, denunciamos todas as violências, celebrarmos conquistas, reafirmamos compromisso na construção de uma sociedade mais justa e com igualdade plena para as mulheres.

Neste mês de março, em nossas jornadas de lutas coletivas, denunciamos a desigualdade salarial persistente, onde as mulheres ganham até 22% a menos que os homens no mercado de trabalho e, quando são mulheres negras, chega perto da metade do salário recebido por um trabalhador branco. São as mulheres trabalhadoras que tem sob seus ombros, praticamente todo o cuidado remunerado ou não com as pessoas idosas, crianças pequenas e todas as pessoas com algum grau de dependência, além das tarefas cotidianas para manutenção da vida nas famílias. São as Mulheres que continuam nas profissões menos valorizadas como educação primária, saúde, assistência social, trabalho doméstico entre outras. Vale lembrar que desde 2017, mais de 100 mulheres, na absoluta maioria, mulheres negras, foram resgatadas do trabalho doméstico na condição de escravas. Isso nos lembra constantemente que para milhares de mulheres negras, a abolição não chegou ainda.

Denunciarmos a situação das mulheres trabalhadoras que ainda não avançaram em direitos, sem esquecer de anunciar nossas conquistas com a Lei de Igualdade Salarial, sancionada pelo Presidente Lula. Nosso desafio agora é fazer com que a lei chegue na vida de todas as mulheres, dando um passo a mais na afirmação do direito a salário igual por trabalho igual. É necessário avançar para outras medidas de reconhecimento e proteção das mulheres como, Ratificação das Convenções 190 e 156 da Organização Internacional do Trabalho, que abordam a eliminação da violência e do assédio no mundo do trabalho. A luta permanente por políticas públicas que posam diminuir a sobrecarga de trabalho das mulheres com os cuidados familiares e, junto a isso políticas que possibilitem debater a divisão sexual e racial do trabalho, para termos justiça, tarefas de reprodução da vida e do viver precisam ser divididas igualmente com homens e mulheres, nas famílias e com o Estado através de políticas públicas de cuidado.

Denunciamos a violência que mata e adoece as mulheres de norte a sul do Brasil, deixando as famílias marcadas para sempre com a mão do patriarcado. A violência contra as mulheres, como fruto das desigualdades (LGBTQIA=, raça, etnia, deficientes, geracional) sobrepostas atingem a vida das mulheres de forma devassadora. Para enfrentá-la, é necessário que todas as políticas estejam em sinergia para combatê-la; educação em todos os níveis, a saúde, as políticas de trabalho, assistência social, a cultura, que exerce uma função fundamental numa sociedade cuja misoginia é potencializada nos discursos e práticas da extrema direita fundamentalista. anunciamos que marchamos junto com a campanha nacional contra a Misoginia, lançada pelo Ministério das Mulheres em 2023 e, que estamos atentas na reestruturação das políticas de enfrentamento à violência em fase de reestruturação pelo governo brasileiro. Como mulheres trabalhadoras que somos, nos sentimos parte desse processo de retomada democrática, na qual, fomos fundamentais para sua reconstrução. anunciamos que nos fortalecemos e nos aliançamos enquanto movimentos feministas antirracistas, organizações de mulheres de periferia, mulheres negras e de sindicatos para enfrentar o racismo a misoginia e todas as formas de violência.

Denunciamos o genocídio que mata mulheres e crianças em Gaza, reafirmamos a solidariedade e a defesa do direito do povo palestino ao seu território. Denunciamos a guerra patrocinada pelas grandes potências bélicos econômicos, às custas da pobreza e destruição das pessoas e das condições de continuidade da vida, destruindo também o meio ambiente, roubando o presente e o futuro da juventude, das mulheres e crianças. Denunciamos as guerras/violência que mata a juventude negra nas periferias, nas ruas, de um Brasil desigual. Reafirmamos a solidariedade feminista antirracista e o compromisso com a construção da paz, da justiça e de um país sem racismo onde todes possam viver em territórios seguros e livres da violência, seja ela qual for.

Denunciamos a ausência de mulheres nos espaços de poder em todas as esferas do poder decisório. A estrutura racista patriarcal da sociedade brasileira nos leva a vergonha de figurar entre as piores posições na representação parlamentar de mulheres no mundo. De 193 países, o Brasil aparece no 131º lugar em relação à representatividade das mulheres. Este ano, 2024, temos eleições municipais. É necessário eleger muitas mulheres vereadoras e prefeitas. Anunciamos que é nossa vontade enfrentarmos coletivamente as estruturas patriarcais nos Partidos Políticos e eleger mulheres com projetos políticos de transformação socioambiental, territoriais, econômicas, democráticas para as mulheres, para a população LGBTQIA+ e para a população negra. Projetos políticos de transformações justas, feministas para mudar o mundo, construindo o bem viver.

Denunciamos a criminalização das mulheres que recorrem ao aborto como a última alternativa para preservar a autonomia de seus corpos. Denunciamos o fundamentalismo, na tentativa de regulação e punição das nossas vidas. Entre tantos abusos, a maternidade compulsória para meninas vítimas de estupro, impondo-lhes a maternidade de filho de estupradores. Diante disso, anunciamos, que seguiremos na luta por autonomia reprodutiva, por direitos e justiça reprodutiva para todas as mulheres. Reafirmamos que criança não é mãe, estuprador não é pai, é criminoso e tem que ser detido.

Para as mulheres trabalhadoras, neste 8 de março, defender a democracia é fundamental. A misoginia, o racismo são partes dos ideais fascistas, portanto, queremos que sejam investigados e responsabilizados todos os sujeitos e organizações que golpeiam a democracia, que disseminam mentiras, desinformações e preconceitos.

Por isso, chamamos todas as mulheres à unidade nas ruas para seguirmos a Lutar Sempre!

Viva a Luta das Mulheres Trabalhadoras!