Não à ingerência de Trump e da União Europeia na Venezuela!
Publicado: 27 Julho, 2017 - 00h00 | Última modificação: 27 Julho, 2017 - 16h49
Neste 30 de julho ocorrem eleições para a Assembleia Constituinte no país vizinho
A CUT foi convidada pela Central Bolivariana e Socialista dos Trabalhadores (CBST) da Venezuela e pela central sindical PIT-CNT do Uruguai para um Encontro Continental de Trabalhadores em Caracas entre os dias 26 e 29 de julho, o que nos permitiria acompanhar de perto as eleições para a Assembleia Constituinte, convocadas para 30 de julho.Infelizmente não foi possível participar diretamente deste evento, diante da falta de voos disponíveis para o país vizinho em tempo hábil.
De toda forma, a CUT é solidária com os trabalhadores e o povo venezuelanos, diante da ofensiva brutal desatada há mais de três meses pela direita local com apoio do governo Trump dos Estados Unidos, da União Europeia e de governos como os de Macri da Argentina, do golpista Temer do Brasil e outrosserviçais do imperialismo no nosso continente.
Com efeito, a oposição venezuelana decidiu derrubar o governo Maduro antes da conclusão de seu mandato constitucional, e com apoio de organizações dos empresários locais - responsáveis em boa parte pela escassez de alimentos e produtos de primeira necessidade que aflige o povo venezuelano - lançou-se em manifestações violentas que já provocaram mais de cem mortes desde março deste ano.
A grande mídia internacional, tal como a brasileira, deforma os fatos, apresentando a situação na Venezuela como a de uma ditadura que reprime seu próprio povo e seria a única responsável pela violência. Ela demoniza Maduro e o chavismo, transformando em “heróis” políticos da oposição quepagam delinquentes para bloquear ruas e avenidas, provocar incêndios em hospitais, canais de televisão pública, rádios comunitárias e quartéis do Exército, disparando armas de fogo, morteiros e coquetéis molotovcontraforças de segurança, para em seguida atribuir a violência ao governo. Mas nunca se divulga o número de chavistas ou simples cidadãos que são assassinados por esses “manifestantes pela democracia”.
Maduro convocou eleições para uma Assembleia Constituinte para abrir uma saída para a situação em que o poder Legislativo (Assembleia Nacional de maioria opositora) desrespeita abertamente os poderes Executivo e Judiciário, pretendendo erguer-se como governo paralelo que nomeia seus próprios juízes. Mas, a oposição pró-imperialista não aceitou o chamado às urnas feito por Maduro, ao contrário, passou a exigir a anulação da Constituinte,respaldada pela pressão internacional comandada pelos EUA, e a intensificar as manifestações violentas.
Às vésperas do 30 de julho, o governo Trump adotounovas medidas de sanção contra autoridades políticas venezuelanas (congelamento de bens, proibição de entrada nos EUA), ameaçando com bloquear a exportação de alimentos e a importação de petróleo caso o governo Maduro não anule as eleições constituintes.
Com que direito ou autoridade moral governos como os de Trumpe Temer podem ter a ousadia de exigir de um país soberano que anule eleições convocadas como condição para não sofrer sanções políticas e econômicas? Isso só tem um nome: ingerência nos assuntos internos da nação venezuelana por parte do imperialismo e seus lacaios, como antessala de uma intervenção externa.
Independentemente da opinião que cada um possa ter sobre o governo de Nicolás Maduro ou sua proposta de Constituinte, todos os defensores do direito à soberania nacional dos povos, todos os que se colocam no terreno da luta anti-imperialista, como é o caso da nossa CUT, não podem ficar “neutros” diante do que se passa na Venezuela.
Por isso mesmo, está coberta de razão a senadora Gleisi Hoffman, presidente do PT, quando, fustigada pela imprensa brasileira, declarou: “A oposição a Maduro quer chegar ao poder como o Temer. (...) Gostando ou não de Maduro, ele tem legitimidade, foi eleito em urna, que não é o caso de quem hoje governa o Brasil. (...) Constituinte também defendemos aquí. Foideliberação do 6° Congresso do PT.” (FSP, 25 de julho).
Em defesa da soberania dos povos é preciso dizer não a qualquer ingerência ou intervenção do governo Trump dos Estados Unidos e da União Européia na Venezuela!