Não se iluda: ninguém está a salvo
Publicado: 06 Setembro, 2021 - 00h00 | Última modificação: 06 Setembro, 2021 - 17h18
Vai ter golpe neste 7 de setembro? A pergunta circula nas redes sociais e na boca do povo. Há quase 200 anos, a data entrava para a história como o dia da Independência do Brasil. Apesar das dúvidas sobre o que de fato ocorreu no 7 de setembro de 1822, esse sempre foi um dia que, antes da pandemia, era celebrado não só com desfiles militares, mas também, e principalmente para nós, com manifestações dos movimentos sociais.
Há 27 anos o Grito dos Excluídos fazia sua primeira mobilização e segue vivo desde então. O lema em 1995 parece ter sido feito para 2021: “A vida em primeiro lugar”. Este ano, não abriremos mão de ocupar as ruas com esse grito urgente. Temos a pandemia, que nos tirou quase 600 mil vidas, mas temos principalmente um governo incompetente que não soube enfrentar a situação gravíssima e não toma nenhuma medida para aplacar a fome e a miséria, enfrentar o desemprego e o caos em que vivemos. Esse governo assassino promete ir para as ruas armado, incentiva a compra de fuzis e o ódio. Sim, eles tentam vender a ideia do país dividido, mas têm menos de 30% de apoiadores.
Estamos mesmo em lados opostos? Os impactos desse desgoverno afetam apenas os opositores? O convite é para reflexão. A Covid-19 dizimou famílias de todas as posições políticas e classes sociais. O aumento do combustível afeta os que apoiam Bolsonaro, vão abastecer o seu carro do ano, sua lancha, mas também quem ganha a vida como motorista de aplicativo, usa transporte público ou não consegue comprar o gás de cozinha quando o botijão acaba. O preço dos alimentos leva ao desespero quem não tem como alimentar os filhos, também deixa mais pobre e menos prazerosa a refeição de grande parte da população. O desemprego tem levado sofrimento às classes populares, mas também à classe média. A alta da energia tem impacto gigantesco nas famílias já sem condições de pagar as contas, mas não alivia empresários sufocados pela crise.
Ninguém está a salvo quando o governo não se importa com o seu povo. Sim, quem é mais pobre sofre mais, é levado ao limite e, não raramente, à morte por fome, doenças, desespero. Os milionários seguem tranquilos, mas, fora isso, todo o país sofre. Bolsonaro nos distrai com falas absurdas, desfiles mequetrefes, enquanto está atolado, junto com os filhos, em corrupção e o país agoniza. Ele nos ameaça com golpe. Estratégia das mais baixas.
Apesar do temor de muitos, expresso nas perguntas que iniciam esse texto, estaremos nas ruas no dia 7. Por quê? Porque não podemos nos calar diante de tudo o que o Brasil atravessa. Porque a vitória na derrubada da Reforma Trabalhista é a prova de que os parlamentares respondem quando pressionados. Porque é preciso ter coragem para defender nossos princípios. E porque entendemos que não há dois lados iguais, há só uns poucos que se pautam no ódio, contra uma maioria da população que quer ter direito à dignidade e está em sofrimento. Vamos para estar com os que há tanto tempo se unem no Grito dos Excluídos e juntos repetir: “A vida em primeiro lugar”.