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Oposição bancária de 1979 faz reencontro virtual, celebra vitórias passadas e as que ainda virão

Publicado: 14 Setembro, 2020 - 00h00 | Última modificação: 14 Setembro, 2020 - 09h55

Grupo com mais de 200 inscritos, mais de 4 mil mensagens trocadas em redes sociais. A semana iniciada em 4 de setembro movimentou uma geração sedenta de se encontrar, reconstituir os passos de seus sonhos e relembrar seu papel na história. E terminou com um encontro ao vivo nesta sexta-feira (11). Foram quatro horas de duração, mais de 100 participantes. Tal intensidade reflete a energia e a união da militância de oposição bancária em 1979.

Às 19h, Luiz Azevedo, Edson Campos e Tita Dias abriram o aplicativo de reunião. O cenário era de um recreio ginasiano, com todos querendo falar ao mesmo tempo. Na “abertura oficial”, Beto Moschkovich, com os acordes de sua viola, puxou o coro de “chora, pelegada/ pelegada chora/ chora, pelegada/ que chegou a sua hora”.

Seguiu-se um festival de pura emoção e, como uma boa reunião de esquerda, todos quiseram e puderam falar. O roteiro fez questão de ser justo com a história. Previu um retorno às memórias da oposição de 1972 e 1975, com depoimento de Osvaldo Laranjeira e de Rui Sá. É mais do que certo que a chapa de oposição bancária só não levou em 1975 por um “detalhe técnico”: houve troca de cédulas dos votos da oposição, manobra revelada posteriormente por militantes do antigo PCB.

Aquela vitória enfim alcançada pela oposição bancária de São Paulo, em 1979, representou a transformação do sonho e da utopia da juventude dos anos 1970 em realidade que se vive juntos. Muitos ali apareceram com 17 anos e tiveram de pedir autorização dos pais para ingressar na chapa. “Foi uma inacreditável combinação de energia e luta”, disse Édson Campos em seu depoimento, ratificado por Gilmar Carneiro.

Mudou tudo no sindicato

O sindicato, na época, tinha sua sede no 18º andar do prédio da Rua São Bento, 365, cujo horário de acesso se encerrava às 20h. Diante dessa dificuldade, Augusto Campos, então presidente, estimula o sindicato a ocupar as ruas com carros de som, shows, teatro e mini-comícios contra a ditadura e os bancos.

Em retaliação ao protagonismo dos bancários na articulação da greve geral de 1983 – a primeira convocada desde o golpe de 1964 –, o ministro do Trabalho (Murilo Macedo) intervém na entidade, afasta a diretoria e cassa parte dela, o que provoca uma reação insólita. A direção cria um comando paralelo por dois anos, inclusive com a edição diária da Folha Bancária Livre, feita com contribuição financeira da militância dentro dos bancos. A resistência pela manutenção da liderança da categoria pavimenta o caminho para a greve dos bancários de 1985. O movimento paralisou o sistema financeiro em nível nacional por oito dias.

É desse período a anistia, a reformulação partidária, a fundação do PT (1980) e da CUT (1983). Dali sai uma geração de jovens militantes, não apenas em São Paulo. Eles se tornarão vereadores, deputados estaduais e federais, governadores e ministros. E mostrarão às gerações futuras o valor da democracia.

A oposição bancária e o futuro

Reviver aquela história representou também reafirmar os laços para continuar a militância em várias áreas. Hoje, principalmente, contra o governo Bolsonaro. Mais do que a discussão política, o encontro desta sexta, 11 de setembro, trouxe revelações emocionantes. Como a da militante Teresa Ribeiro, que esperava os atos de rua terminarem para pegar os microfones e cantar, o que culminou na formação de uma banda entre os participantes do encontro.

Este espaço é pouco para a importância do evento. Assim, se você participou ou quer se integrar, deixe seu comentário aqui embaixo ao ver esta postagem em sua rede social.

Em plena pandemia, com overdose de quarentena, os pensamentos beliscam a memória. E impulsionam o (re)encontro, que serve também para confortar a continuidade da caminhada em direção àquele futuro sonhado desde sempre.