Organização e trabalho de base para vencer o golpismo.
Publicado: 04 Setembro, 2017 - 00h00 | Última modificação: 04 Setembro, 2017 - 19h08
Os debates e os resultados nos deixou a certeza de que foi acertada a decisão da Direção Nacional da CUT em ter transformado a 15º Plenária Estatutária em Congresso Extraordinário.
A conjuntura política adversa, um governo ilegítimo e de retiradas de direitos, nos colocou o desafio de refletir e rediscutir nossas ações e lutas para o próximo período. As discussões no Congresso com mais de 800 delegados e delegadas nos mostrou que o principal desafio continua sendo a defesa intransigente da Democracia, contra a continuação do golpe e em defesa da classe trabalhadora.
Sabemos que um dos principais motivos do golpe era colocar o projeto neoliberal para funcionar e com o impeachment da presidenta Dilma a democracia foi raptada e abriu a possibilidade do governo golpista de Michel Temer e seus aliados acabarem com os direitos da classe trabalhadora, duramente conquistados nos últimos 100 anos. Como mesmo anunciou o mote do Congresso “100 anos depois a luta continua”, lembrando a Revolução Russa e a primeira greve geral no Brasil, em 1917, quando se reivindicava direitos básicos como 13º e férias.
Direitos estes que foram retirados com a Reforma Trabalhista, aprovada, em 11 de abril deste ano, e que voltam a serem pautas de reivindicação dos trabalhadores e das trabalhadoras no Brasil.
A CUT mais uma vez acerta em direcionar um instrumento de luta e resistência com a proposta de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP) que anula esta lei tão nefasta e cruel para o povo brasileiro. Um instrumento de diálogo do movimento sindical com a classe trabalhadora e que aponta um caminho de como enfrentar estes retrocessos impostos por um projeto que foi derrotado nas urnas por quatro eleições seguidas, e que nunca se elegeria por suas propostas, que só se impõe pela força do golpe.
A Reforma Trabalhista, além de acabar com a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), muda completamente as relações no mundo do trabalho. Muda completamente o modelo de regulação com que estávamos acostumados. E uma das principais batalhas com o patronato será a disputa pela organização no local de trabalho.
A representatividade sindical está posta em jogo e se não formos às bases organizar os trabalhadores e trabalhadoras e disputarmos corações e mentes em cada local de trabalho os sindicatos podem ser suplantados e não mais reconhecidos como instrumento de organização e luta da classe trabalhadora. Talvez este um dos principais interesses desta “antireforma”.
O trabalho de base com este instrumento formativo [PLIP] nos direciona e nos arma para convencermos a classe trabalhadora que são os seus direitos que estão em jogo com este golpe.
A defesa da democracia e a luta por eleições justas também tem início com o debate do PLIP. Precisamos eleger governantes vinculados com os interesses da classe trabalhadora para encaminharmos as leis que queremos.
Não devemos descartar a possibilidade da anulação das eleições e a continuidade de um governo que não dialoga os trabalhadores e trabalhadoras.
Temos que nos manter nas ruas. Mas o momento exige uma intensificação da nossa capacidade de organização nos locais de trabalho. Temos que garantir nossa legitimidade, se não pela lei agora, mas pela força da nossa organização.
E que nunca ousem duvidar da nossa capacidade!