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Artigo

Por nossas vidas e direitos, lutamos juntas nesse 8 de março!

Publicado: 01 Março, 2019 - 00h00 | Última modificação: 01 Março, 2019 - 10h26

Com a mesma retórica conservadora que marcou sua campanha eleitoral, Tosconaro inicia seu governo conformando um time com o que tem de pior na política brasileira, e provavelmente da academia. Vai moldando à sua imagem e visão de mundo a burocracia e a política, onde algumas orientações doutrinárias claramente expressas na intolerância, na xenofobia, na aversão ao multilateralismo, no anticientificismo, na negação do Estado laico, num “nacionalismo” que se apoia no neoliberalismo e no capital internacional e não num projeto de desenvolvimento nacional vão sendo materializadas. É um discurso extremamente conservador nos costumes e ultraliberal na economia.

E as mulheres têm sido as mais impactadas, tanto na moral e costumes, por expressões grosseiras e discriminatórias de seus ministros e ministras, como meninas vestem rosa e meninos vestem azul, ponto G foi inventado pelo PT, que o Estado deve garantir bolsa estupro para que as mulheres sejam obrigadas a manter uma gravidez advinda da violência, como por medidas  da proposta de Reforma da Previdência, contrariando declarações gravadas em vídeo quando ainda não era candidato. Está nítida a intenção de desmontar a previdência, reduzindo a população que tem acesso aos benefícios previdenciários e diminuir os valores de benefícios pagos, abrindo caminho para os bancos privados. Com isso, lá se vai a Seguridade Social e a solidariedade de classe.

As alterações propostas desconsideram a realidade existente no mercado de trabalho brasileiro e penaliza a classe trabalhadora, mas certamente muito mais as mulheres, que possuem vínculos mais precários no mercado de trabalho. Querem que nós mulheres paguemos mais: idade mínima de 62 anos e 20 anos de contribuição, sendo que para as mulheres rurais, é 60 anos com 20 anos de atividade comprovada; já para receber o BPC – Benefício de Prestação Continuada, a mulher deverá ter 70 anos e caso tenha entre 60 e 69 anos e se encaixa no perfil, o valor mensal a ser pago será de R$ 400, menos da metade de um salário mínimo, o que será insustentável, visto que 56,9% das mulheres sem cônjuge e com filhos estão abaixo da linha da pobreza;e considerando que as mulheres tem mais dificuldades de entrar no mercado de trabalho e ganham menos do que os homens exercendo a mesma função, a aposentadoria delas será menor em comparação a deles.

Estamos bem próximas de perder todos os progressos alcançados nas últimas décadas de políticas públicas inclusivas, que se não foram ainda suficientes para eliminar as desigualdades estruturantes de uma sociedade fundada no patriarcado e na servidão humana, possibilitaram que nós mulheres assumíssemos espaços de poder, em todos os âmbitos.

As disparidades salariais entre homens e mulheres é uma realidade persistente, resultado da divisão sexual do trabalho. Ela afeta mulheres de todas as idades, classes, culturas, nacionalidades e identidade sexual, que temporariamente ou permanentemente desempenha alguns papéis desvalorizados pela sociedade. O desemprego no Brasil tem classe, gênero e raça. Lutar pela igualdade no acesso e na permanência no mundo do trabalho somado à políticas de inclusão são determinantes para a diminuição da pobreza das famílias, em especial aquelas chefiadas por mulheres, que hoje já atingem mais de 40%.

Estamos no limiar entre um mundo mais civilizado, mesmo com as enormes desigualdades existentes entre homens e mulheres, e uma espécie de barbárie, onde os mais pobres são sugados pelas igrejas neo-pentecostais, que, em sua grande maioria, em lugar de pregar o evangelho, organizam-se como células de partidos políticos com objetivos declarados de uma pauta reacionária e conservadora, onde contruir os fakes e lorotas que invadiram nossas timelines, nossos grupos de família e de boteco passa a ser natural e cotidiano.

É preciso recriar a democracia, na qual o cidadão e a cidadã se reapropriem do poder de decidir sobre sua vida, sobre o destino de seus territórios e sobre o futuro do Brasil. E nós mulheres, particularmente, possamos exercer o pleno direito sobre nossos corpos, nossa vida e diversidade. Porque não há democracia enquanto uma mulher sofrer violência de qualquer natureza.

Lutar pela liberdade de Lula é defender a democracia e os direitos das mulheres!

Por isso, como diz Rosa de Luxemburgo, lutamos “por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres.”