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Artigo

Por uma nova ordem social e econômica

Publicado: 20 Dezembro, 2017 - 00h00

Iniciamos 2017 sob forte ataque aos direitos dos trabalhadores com a reforma da previdência e a reforma trabalhista tramitando no Congresso. O que era inimaginável há pouco tempo, estava contido em dois projetos encomendados pelo golpistas. Terminamos o ano com o desmonte da CLT, da Justiça do Trabalho e da estrutura sindical já aprovados e a reforma da previdência no centro da pauta.

Mas não é só o Brasil que vive um pesadelo. Os trabalhadores argentinos lotam as ruas de Buenos Aires em grandes manifestações e fazem greve geral contra essas mesmas reformas. Nesta. No mesmo sentido, caminham as mudanças na legislação trabalhista com Macron na França. São reformas como as que arrastaram a classe trabalhadora da Grécia e da Espanha para o um empobrecimento generalizado. Na Grécia, um trabalhador aposentado ateou fogo ao próprio corpo em praça pública e na Espanha a classe média é reduzida em 20% graças à precarização das condições de trabalho e a redução da renda. Nos Estados Unidos, a desigualdade cresce e hoje metade dos trabalhadores têm renda inferior à dos seus pais. Em todo o mundo, numa ação orquestrada pelo capital financeiro, os trabalhadores e trabalhadoras são empurrados para o trabalho precário e a falta de proteção social.

O professor da Universidade de Londres, Guy Standing, em o “Precariado, a Nova Classe Perigosa” (2011) trata da massa de trabalhadores sem proteção social e sem trabalho estável, que é obrigada a migrar de um emprego precário a outro, vivendo uma vida de constante instabilidade e insegurança. São milhões de famílias em todo o mundo que não sabem se terão emprego, moradia e comida no dia de amanhã.

O capitalismo, cuja natureza é a exploração e a acumulação, se supera com o neoliberalismo, sob o comando dos interesses do rentismo. Numa dinâmica suicida, conduz a humanidade e o planeta a um colapso. Nesta lógica, com uma postura subserviente e irresponsável, o governo golpista no prazo de menos de dois anos, tenta vender qualquer possibilidade de um futuro decente para o Brasil, nos transformando em fornecedores de matéria prima e mão de obra barata. Segundo dados do Banco Mundial, os brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza devem passar de 2,5 milhões a 3,6 milhões entre 2016 e o final deste ano.

Porém, nesta conjuntura, surgem sinais de indignação e resistência em todo o mundo. Nos Estados Unidos, Bernie Sanders disputou com chances reais a convenção do Partido Democrata e a eleição presidencial com um programa progressista. Na Inglaterra, Jeremy Corbyn e os trabalhistas avançam na eleição parlamentar aumentando sua representação na Câmara dos Comuns com votação expressiva da juventude.

Na Espanha, o Podemos inova com uma política de ampla participação política e ganha espaço nas disputas eleitorais e, no Chile, a Frente Ampla surpreende nas eleições gerais conquistando um crescimento expressivo de voto com uma proposta inovadora de participação e construção do programa de governo.

No Brasil, não podemos esquecer a luta dos secundaristas que mobilizou o país em 2016 contra as propostas de desmonte da educação, a grande mobilização das mulheres no 8 de março que tomou as ruas do país num exemplo de participação dos mais diversos grupos e movimentos, e a histórica greve geral de 28 de abril.

O sistema atual já provou seu poder de destruição, não há espaço para "melhorar" o que está aí. Só uma nova lógica, um novo sistema cuja natureza e dinâmica sejam a inclusão social e a distribuição da riqueza terá futuro. É preciso inverter a dinâmica atual e fortalecer a cidadania, caminhar rumo a uma sociedade onde as pessoas estejam no centro da atenção. Não há respostas prontas, nem soluções mágicas, porém, seja qual for a saída, necessariamente deverá contemplar os valores da solidariedade, da igualdade e de uma ampla participação que possibilite governar de acordo com os interesses do coletivo.

Neste sentido, o movimento sindical é desafiado a romper com a lógica dos interesses corporativos, que reduzem sua representação a uma "elite" de trabalhadores "formais", para acolher e representar a massa crescente de trabalhadores precários. A CUT deverá mobilizar a classe trabalhadora e junto com os movimentos sociais organizados buscar saídas para construir novos caminhos para o Brasil, que passam pelas eleições de 2018 e pelo resgate da democracia, desmascarando o golpe e o golpe do golpe que é a tentativa de inviabilizar a candidatura de Lula.

Esperamos que as tristes imagens de 2017 alimentem a nossa indignação e se revertam em energia para avançarmos na luta que nos aguarda em 2018.