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Todos somos Venezuela

Publicado: 22 Setembro, 2017 - 00h00 | Última modificação: 22 Setembro, 2017 - 19h28

Como delegado da CUT, estive presente na conferência realizada em Caracas entre os dias 16 e 19 de setembro, intitulada “Diálogo Mundial pela Paz, Soberania e Democracia”, em aplicação da resolução adotada em nosso Congresso Extraordinário (28 a 31 de agosto) sobre a situação no país vizinho, reproduzida abaixo.

“Solidariedade com a Venezuela, contra as sanções econômicas e ameaças de intervenção militar do governo Trump (EUA) e governos a seu serviço – como o governo golpista do Brasil – e em defesa do direito do povo venezuelano decidir seu próprio destino sem qualquer tipo ingerência externa. A CUT integra no Brasil o Comitê pela Paz na Venezuela juntamente com outros setores, e apoiará iniciativas continentais e internacionais que tenham o mesmo sentido”.

Já em Caracas, juntei-me aos outros cinco delegados brasileiros que eram Paola Strada (movimentos Alba), Beto Almeida (jornalista, TeleSur), Edison Bagnara (MST), Luiz Eduardo (PCB-RJ) e Socorro Gomes (Cebrapaz, PCdoB) presentes ao evento que reuniu cerca de 200 delegados vindos de mais de 50 países, além dos delegados de organizações venezuelanas.

Desde a cerimônia de abertura, realizada no Teatro Teresa Carreño no sábado 16 de setembro, o caloroso apoio ao povo venezuelano e seu governo contra os ataques violentos de uma direita golpista e as sanções econômicas e ameaça de intervenção militar do governo Donald Trump dos Estados Unidos, deu o tom do evento.

Para os brasileiros ficou evidente que as mesmas forças que operaram o golpe contra Dilma no Brasil são as que, na Venezuela, lideraram manifestações violentas durante três meses, que ocasionaram a morte de mais de cem pessoas, para derrubar o presidente Nicolás Maduro, cujo mandato obtido em eleições democráticas termina em 2019. Constatamos o mesmo cerco da mídia global, os mesmos interesses empresariais e pró-imperialistas, tentando, a partir de uma maioria circunstancial na Assembleia Nacional, derrubar um governo legítimo, acusando de “ditadura” um regime que em 18 anos – desde a eleição de Hugo Chávez no final de 1998 – realizou 21 eleições e referendos, inclusive reconhecendo os resultados nas duas vezes em que perdeu para a oposição de direita.

Assim, não é casual que o governo golpista de Michel Temer seja um dos mais agressivos contra a soberania do povo da Venezuela em decidir seu próprio destino, apoiando no Mercosul e na OEA sanções e ingerência externa nos assuntos do país vizinho.

A realização de eleições para a Assembleia Nacional Constituinte em 30 de julho, com a participação de mais de 8 milhões de venezuelanos, interrompeu a espiral de violência patrocinada pela oposição. Desde então não se registraram mais marchas da direita que, mesmo dizendo não reconhecer a Constituinte, inscreveu candidatos para as eleições para governadores que a mesma Constituinte antecipou para o próximo 15 de outubro.

Paralelamente, foi criada na República Dominicana, com a presença de seu presidente Danilo Medina, uma Mesa de Diálogo do governo com a oposição venezuelana, como informou o presidente Nicolás Maduro, ao lado do presidente da Bolívia Evo Morales, aos delegados internacionais no domingo 17 de setembro.

Fortalecido politicamente pelo respaldo popular recebido nas eleições para a Constituinte, o governo da Venezuela agora tem como prioridade estancar a aguda crise econômica provocada no país por fatores externos (sanções econômicas dos EUA, manipulação dos preços do petróleo) e internos (desabastecimento e boicote da produção por setores empresariais).

Encontro com constituintes sindicalistas

Como dirigente da CUT, fui convidado por companheiros da Central Bolivariana Socialista dos Trabalhadores (CBST) para participar da mesa de abertura do “Encontro Nacional da Classe Trabalhadora Produtiva de Contraofensiva pela Paz”, realizada em 18 de setembro. Esse Encontro reuniu os 75 constituintes trabalhadores eleitos em listas setoriais e mais de uma centena de dirigentes de federações sindicais de todo o país para debater o papel da classe trabalhadora no avanço do processo da chamada revolução bolivariana.

A intervenção que fiz, ressaltando os laços de unidade que unem os trabalhadores e os povos do Brasil e da Venezuela na luta comum contra a política de guerra e exploração do imperialismo e dos governos a seu serviço, como o de Temer, foi calorosamente recebida pelos companheiros sindicalistas venezuelanos, especialmente quando falei da posição assumida pela CUT de “Lula presidente com Constituinte” (ver link com vídeo abaixo).

Pela democracia, pela soberania e pela paz, contra as sanções e ameaças do imperialismo, “Todos somos Venezuela”!

22 de setembro de 2017