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Artigo

Trabalho: espaço de luta pela igualdade de gênero

Publicado: 03 Maio, 2024 - 00h00 | Última modificação: 03 Maio, 2024 - 12h13

Por mais que as mulheres se organizem, estudem e se preparem para os enfrentamentos cotidianos, a violência se evidencia diariamente. As desigualdades no mundo do trabalho são gritantes e a participação nos espaços de poder é limitada.

Historicamente, as mulheres são protagonistas de muitos processos de luta no Brasil e no mundo. Ao contrário da narrativa de povo cordial, apregoada e generalizada pelo sociólogo e historiador Sérgio Buarque de Holanda (a partir do conceito de “homem cordial” do escritor Ribeiro Couto), as nossas antepassadas construíram quilombos e resistiram durante toda a escravidão. Essa resistência e outros tipos de movimentos de enfrentamento do machismo e do patriarcado, em todos os setores da vida, fazem parte de inúmeros processos revolucionários que ocorreram no nosso País e em todo o planeta. O protagonismo nas lutas por igualdade de direitos é nosso.

Ainda hoje, em pleno século 21, as campanhas por igualdade de oportunidades na vida e no mundo do trabalho estão na ordem do dia.

Se o trabalho é =, por que o salário é ≠?

A pergunta pode soar estranha, mas, infelizmente, apesar de as mulheres estarem presentes na maioria dos espaços produtivos, a igualdade salarial em relação aos homens ainda é um desafio a ser superado.

Uma grande vitória foi conquistada, recentemente, com a promulgação da Lei nº 14.611/2023, representando um verdadeiro marco na luta contra a desigualdade de gênero no Brasil. Mas a luta pela desigualdade tem o seu lado. Sim, a bancada de oposição pretende impedir a aplicabilidade da lei e, com isso, continuamos em luta até alcançarmos a eficácia plena da legislação. Contudo, reafirmamos que, para termos garantia de chances iguais de acesso ao emprego e renda entre os dois sexos, precisamos superar a cultura machista e patriarcal presente no Congresso Nacional e que define o lar como único espaço de protagonismo feminino. Esse construto cultural é responsável tanto pela naturalização do trabalho doméstico e de cuidados como tarefas exclusivamente femininas, quanto por sua invisibilidade.

Coagidas socialmente a assumirem o papel de mãe e de dona de casa, só lhes restam duas alternativas: depender economicamente de seus pais, irmãos ou maridos ou aceitar trabalhos precarizados – sem nenhuma garantia trabalhista para conciliar o trabalho produtivo com suas tarefas domésticas. Esse arranjo entre o trabalho produtivo e reprodutivo realizado pelas mulheres faz com que a jornada de trabalho feminina seja, aproximadamente, 13% mais extensa que a jornada masculina. Dessa forma, a redução da jornada de trabalho torna-se uma bandeira central para as mulheres, tanto pela possibilidade de gerar novas vagas no mercado formal quanto por permitir uma redução em sua jornada total de trabalho, que poderia ser convertida em tempo de estudo, lazer etc.

Portanto, a luta por igualdade salarial não está descolada da luta por políticas públicas que possibilitem à mulher, condições de acesso ao mercado de trabalho em pé de igualdade com os homens. Dentre essas políticas estão em destaque a ampliação da licença-maternidade e a criação de uma licença-paternidade que permita o compartilhamento do cuidado na família, a ampliação das vagas em creches públicas – para que o Estado também assuma sua parcela de responsabilidade sobre a reprodução social e a já referida redução da jornada de trabalho, que impactaria, prioritariamente, a vida das mulheres.

Num cenário de crise financeira mundial, que tem causado demissões em todo o mundo, sobretudo nos países de economia periférica, é importante que assumamos nosso papel de classe para impedir que direitos duramente conquistados sejam suprimidos ou negociados. Nossa agenda, no entanto, deve ser positiva, ou seja, significa lutar pela ampliação desses direitos, comprometendo-nos, centralmente, com as bandeiras que nos ajudem a construir igualdade efetiva entre homens e mulheres em todas as esferas da vida. Sobretudo no mundo do trabalho. Essa situação mostra que a luta é uma constante na vida das mulheres.

Com isso, o lema é “lutar sempre”. Imperativo para as mulheres trabalhadoras num País com um dos maiores índices de desigualdades sociais, políticas, educacionais, econômicas, dentre outras, do mundo.

SALVE A LUTA DAS MULHERES! SALVE A CLASSE TRABALHADORA!

1º DE MAIO DE 2024