Vamos para as ruas, sem carros, no esquenta da Greve Geral
Publicado: 21 Setembro, 2016 - 00h00
O Dia Mundial Sem Carro foi uma iniciativa lançada no final dos anos 1990 e que ganhou força ao longo da década seguinte, sendo celebrada em diversas cidades do mundo todo no dia 22 de Setembro. Seu objetivo é incentivar as pessoas a refletirem sobre o uso excessivo dos automóveis pessoais e a dependência que muita gente cria em torno deles, ignorando os meios coletivos e alternativos, assim como os seus impactos no meio ambiente e na nossa saúde. Longe de se propor como uma solução aos problemas da mobilidade urbana uma vez ao ano as pessoas evitarem o uso de carro, a ideia é ajudar a fortalecer essa pauta.
No Brasil, a pauta da mobilidade urbana é historicamente negligenciada. Além do transporte público frequentemente precário, muitas vezes ele se limita aos ônibus e quase nenhuma cidade brasileira conta com transporte subterrâneo (metrôs), apenas recentemente os veículos leves sobre trilhos (VLTs) passaram a ser implementados e nem ao menos investimento em ciclovias, para incentivar alternativas de transporte individual, costumam existir. Esse debate só cresceu nos últimos anos por causa do aumento vertiginoso de carros nas cidades brasileiras, reflexo do crescimento da renda e consumo da população brasileira de 2003 em diante, sem a maioria das prefeituras e governos estaduais terem se preocupado em fazer sua parte na modernização eficaz das políticas de mobilidade. Para se ter uma ideia, de acordo com o Observatório das Metrópoles, entre 2002 e 2012 enquanto o crescimento da população brasileira foi de 12,2% o de número de veículos foi 138,6%.
Esses problemas afetam diretamente a qualidade de vida dos trabalhadores e trabalhadoras, em especial que habitam as periferias e “cidades-dormitórios” das grandes metrópoles, que dispensam longos períodos para se deslocar até os seus locais de trabalho. Ainda que os problemas de mobilidade urbana sejam evidentes e prejudiquem a todos e todas, a cultura individualista do automóvel próprio e recusa ao uso do transporte público, presentes em especial nas classes médias e altas e muito reverberada pelos grandes meios de comunicação, geram forte oposição aos avanços nessa área. O caso atual mais evidente é o de São Paulo, onde a prefeitura de Fernando Haddad investiu na criação de faixas e corredores exclusivos de ônibus, ciclovias, além da redução dos limites de velocidade, tendo como resultado a diminuição do tempo consumido no trajeto casa-trabalho, do engarrafamento e também de acidentes. Mesmo com os avanços inegáveis, os setores conservadores preferem atacar essas mudanças e as três principais candidaturas da direita paulistana pretendem reverter parte dessas políticas.
Além disso, o Brasil ainda subsidia pouco a tarifa do seu transporte público, além de frequentemente ter suas frotas totalmente privatizadas com contratos muito benéficos aos empresários. A diminuição do valor da tarifa e expansão do passe livre para os setores de menor renda como estudantes, desempregados, idosos etc, tendo como horizonte o passe livre geral e irrestrito, são fundamentais para garantir o acesso ao transporte público de todos e todas o que é indispensável para o exercício do direito à cidade.
Portanto aproveitamos o Dia Mundial Sem Carro para reforçar e relembrar ao movimento sindical a importância da luta pela mobilidade urbana, lembrando o momento chave das eleições municipais para exigir de candidatos e candidatas o compromisso com o desenho e a implementação de políticas públicas que priorizem um transporte público integrado e amplo com participação da população.
Nesse ano em que a data coincide com o Dia Nacional de Paralisação e Mobilização vamos para as ruas sem carro para lutar pela democracia, contra o golpe e aquecer a nossa Greve Geral.