12º CONCUT elege três professores sergipanos
O peso da conjuntura perpassou avaliações de diferentes dirigentes sindicais
Publicado: 23 Outubro, 2015 - 10h08 | Última modificação: 23 Outubro, 2015 - 10h47
Escrito por: Iracema Corso
Em quatro dias decisivos para os rumos do movimento sindical no Brasil, entre 13 e 16 de outubro, na cidade de São Paulo, aconteceu o 12º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (12º CONCUT) que reuniu 2.154 lideranças sindicais de todos os Estados para discutir e definir o horizonte de luta para o próximo quadriênio que se inicia.
A delegação da CUT Sergipe que participou do Congresso foi composta por 24 lideranças sindicais do SINDIPREV, SINDISAN, SINTESE, SINDIJUS, SINDIPEMA, SINDTIC, SINDISERVE GLÓRIA, SINDIJOR e SINERGIA. O conjunto de lideranças sindicais sergipanas reforçou a necessidade de abraçar a luta pela Democratização do Judiciário, assim como teve papel crucial na proposta de Reforma Tributária, na luta pela Democratização da Mídia e na aprovação da Contribuição Progressiva, para que seja proporcional ao número de filiados em cada sindicato.
EDUCAÇÃO - Com o tema ‘Educação, Trabalho e Democracia’, o 12º CONCUT elegeu três professores sergipanos, lideranças sindicais do SINTESE, para a composição da diretoria nacional da CUT. A professora Ivônia Ferreira (dirigente da CUT/SE e coordenadora da sub-sede sul do SINTESE) e o professor Rubens Marques estão na Ampliada, enquanto a professora Ângela Melo está na Direção da Central Sindical. “Estando ou não na direção, para mim o importante é estar na luta. Eu sempre digo que a nossa luta não tem pátria, nós defendemos nossas bandeiras de democracia, liberdade e direitos iguais onde quer que a gente esteja. Também compreendo esta conquista de espaço no movimento sindical em âmbito nacional como fruto da organização dos trabalhadores engajados na CUT Sergipe. Só temos a real noção da força do Magistério no Estado de Sergipe quando dialogamos com lideranças de outros Estados e percebemos que o SINTESE é uma referência sindical importante na luta do Magistério de todo Brasil. Não é à toa que é também atacado em várias frentes, pois incomoda muito os poderosos em Sergipe”, explicou Ivônia.
Para a professora Ângela Melo, o 12º CONCUT termina com um saldo extremamente positivo para a organização e o fortalecimento da luta dos trabalhadores e trabalhadoras na garantia dos seus direitos. “Fui eleita, juntamente com a companheira Jandira Massue Uehara e o companheiro Ismael José César, para a Direção Nacional da CUT, representando a tendência socialista Articulação de Esquerda. A tarefa que nos cabe é organizar a classe trabalhadora em todo país, mantendo a liberdade e autonomia sindical, frente a partidos, governos e religiões. Em relação à Educação, o momento nos apresenta grandes desafios, principalmente em relação à aplicação do Plano Nacional de Educação, em especial o financiamento, valorização e Avaliação do Sistema. Nesse sentido cabe-nos organizar no ano de 2016, uma Conferência de Educação da Articulação de Esquerda, onde pretendemos articular educadores@s de todo Brasil. Outro momento importante do Congresso foi a aprovação da resolução que garante a paridade de gênero na composição da direção da Cut Nacional e das Cuts estaduais. Essa é uma conquista importantíssima para quem defende que homens e mulheres devem ocupar de forma igualitária os espaços de poder na luta da classe trabalhadora”.
CONTRIBUIÇÃO CUT/SE - O vice-presidente da CUT e dirigente do SINDIJUS, Plínio Pugliesi avaliou avanços importantes no CONCUT. “Desde o Congresso Estadual apontamos a necessidade de Democratização do Judiciário que no atual contexto é quem criminaliza greves, multa sindicatos, determina reintegração de posse, desocupação de prédios, prende sindicalista... Agora mais lideranças sindicais devem abraçar esta luta e se conscientizar de que não há como avançar a luta sem democratizar o Judiciário”.
A professora Mônica Bomfim do SINDIPEMA focou a vitória da conquista da paridade de 50% na composição da direção da CUT. “O machismo está em todos os espaços e no movimento sindical não é diferente. A presença das mulheres nos sindicatos ainda é reduzida, isso se acentua quando falamos da presidência dos sindicatos e diretorias com mais visibilidade e poder. É um passo importante também pelo eco desta decisão em diretorias da CUT de todo Brasil, e precisaremos dar outros passos rumo à conquista da igualdade de gênero no seio do movimento sindical”.
Dirigente do SINERGIA, Gilton dos Santos não avaliou de forma positiva a divisão de reuniões por ramo de atividade. “Isso esvaziou o debate e fortaleceu o ranço corporativista que não favorece a luta unificada dos trabalhadores de diferentes categorias”.
Presidente do SINDITIC/SE, Jairo de Jesus frisou a maior participação na construção das teses e sugestões desde os Congressos Estaduais. “O 12º CONCUT foi extremamente produtivo. A construção das teses de baixo para cima com forte participação de sindicalistas de todos os Estados foi o ponto mais alto do Congresso”.
O presidente da CUT/SE, professor Rubens Marques, ressaltou a riqueza dos debates e das mesas realizadas no Congresso contando com a presença de militantes sociais, estudiosos, os ex-presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Uruguai, José Pepe Mujica – uma decisão acertada da CUT que dialoga com ícones do movimento social de todo o mundo. “Sergipe teve uma boa participação no 12º CONCUT, principalmente durante o Balanço e a construção das estratégias, mas não ficou por ai, os delegados sergipanos também participaram ativamente em outras mesas a exemplo do Seminário Internacional (Concentração de Riqueza e o Ataque aos Direitos e às Democracias) e da mesa sobre Direitos Humanos, que teve como palestrante o ex-Ministro Paulo Vanucci, lutador incansável pelo Direito à Memória e à Verdade”.
CADERNO SOBRE DITADURA MILITAR – O 12º CONCUT foi espaço de análise de conjuntura nacional e internacional com ênfase para o lançamento da Década Internacional dos Afrodescendentes, lançamento da Jornada Anti-imperialista, reflexão a respeito dos 10 anos de vitória sob a ALCA, debate sobre educação e economia brasileira, entre várias oportunidades de troca de informação e fortalecimento das lideranças sindicais.
Dentre a vasta programação do 12º CONCUT, o diretor de Formação da CUT/SE e dirigente do SINTESE, Roberto Silva destacou a importância do lançamento do Caderno sobre a Ditadura Militar. “Saber quem foram os sindicalistas mortos e torturados pela Ditadura Militar é algo crucial, há uma nova geração de trabalhadores engajados em sindicatos que desconhece o que se passou no Brasil com sindicatos e sindicalistas combativos, é um tema muito caro a nós, e não pode cair no esquecimento. A diretoria da CUT/SE luta pela democratização e contra a ditadura militar é um dos motes centrais na fundação da CUT na década de 80, num contexto de fortalecimento sindical em todo Brasil e luta por ampliação de direitos”.
SIM À DEMOCRACIA, NÃO AO AJUSTE FISCAL - O presidente da CUT/SE, professor Rubens Marques, deu voz à insatisfação dos trabalhadores de todo Brasil que estão pagando a conta do Ajuste Fiscal do Governo Federal, ou seja, pagando a conta da crise que não criaram. Ao final do Congresso, a CUT lançou o documento “Uma outra proposta para o Brasil sair da crise e crescer”.
Dirigente do SINDIPREV, Jorge de Jesus expressou a insatisfação dos servidores públicos federais que construíram movimento de greve recente e após muita luta tiveram conquistas tímidas, o que demonstra falta de compromisso do Governo Federal com os servidores públicos federais. “Dilma Rousseff compareceu ao 12º CONCUT, fez um discurso à altura do evento, mas não convenceu na sua totalidade o plenário. Os delegados presentes são contra o Golpe, mas alertaram que não aceitam a retirada de direitos. O compromisso anterior de não retirada de direitos não foi cumprido. É uma demonstração de que os trabalhadores terão que mostrar sua força para conseguir avanços na luta durante este Governo”.
O peso da conjuntura perpassou avaliações de diferentes dirigentes sindicais, a exemplo da dirigente do SINTESE Ivonete Cruz. “A CUT realiza seu 12º Congresso num momento em que o Brasil vive uma profunda crise econômica e política. Os trabalhadores e trabalhadoras reafirmam suas posições contrárias ao Ajuste Fiscal do Governo Federal que retira direitos dos trabalhadores, alertando que ‘Direito não se reduz, se amplia’. A posição contrária ao golpismo que coloca em risco democracia é unânime, mas isso não nos confunde. Temos convicção de que a presidente Dilma precisa mudar radicalmente a política econômica e começa a colocar em prática o projeto que a maioria do povo brasileiro aprovou com a sua reeleição”.