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2° turno provou que esquerda sabe lutar, diz Gleisi Hoffman, presidenta do PT

Na maioria das cidades onde houve votação para prefeito neste domingo, candidatos do campo progressista obtiveram mais de 40% dos votos, mesmo enfrentando ataques como ‘fake News, desconstrução e religiosidade’

Publicado: 30 Novembro, 2020 - 10h05 | Última modificação: 30 Novembro, 2020 - 10h06

Escrito por: RBA

Catarina Barbosa/Brasil de Fato
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Comemoração da vitória de Edmilson (PSOL) em Belém, capital do Pará, que derrotou nas urnas o candid

A presidenta do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, falou ao programa Brasil TVT e fez uma importante avaliação sobre as eleições municipais de 2020, encerradas neste domingo (29). Das 57 cidades que foram às urnas, em 25 havia candidatos do campo democrático na disputa. Pelas redes sociais, a deputada federal também afirmou que o resultado das urnas mostra que a “esquerda sabe lutar”. Na maioria das cidades, os candidatos de esquerda conseguiram votações expressivas de mais de 40% do total de votos.

 

Partidos de esquerda e centro-esquerda elegeram prefeitos em 12 cidades de nove estados diferentes no segundo turno, informa reportagem do Brasil de Fato. O PT, que hoje não tem nenhum prefeito entre as cem maiores cidades do país, saltou para quatro a partir de 2021: José de Filippi Jr., em Diadema (SP); Marília Campos, em Contagem (MG); Margarida Salomão, em Juiz de Fora (MG); e Marcelo Oliveira, em Mauá (SP). O PSOL elegeu Edmilson Rodrigues em Belém (PA) e foi derrotado com Guilherme Boulos em São Paulo (SP). O PDT venceu com José Sarto em Fortaleza (CE); Edvaldo Nogueira, em Aracaju (SE); Sergio Vidigal, em Serra (ES). Em Campos dos Goytacazes (RJ), Caio Vianna foi derrotado por Wladimir Garotinho (PSD), que está com a chapa sob judice. O PSB elegeu João Campos no Recife (PE); João Henrique Caldas, em Maceió (AL), e Rubens Bomtempo, em Petrópolis (RJ). O PCdoB foi derrotado com Manuela D’Ávila em Porto Alegre (RS).

 

“Se formos olhar pelo resultado apenas de ganhar as prefeituras, pode ser que a gente desanime. Mas acho que temos de fazer uma outra avaliação”, observa Gleisi. “Na maioria de cidades em que competimos nesse segundo turno, tivemos 40% dos votos ou mais. Isso mostra a competitividade da esquerda. Foi assim em Porto Alegre, numa campanha dificílima, em que os métodos utilizados contra a Manuela, o Rossetto (o vice Miguel Rossetto, do PT), foram os métodos da campanha da extrema-direita. As fake news, a desconstrução, a religiosidade, principalmente nesse segundo turno”, lembra.

 

Esquerda revigorada

Deputada federal pelo Paraná, Gleisi avalia que a campanha de Boulos, em São Paulo, deu uma revigorada no campo da esquerda, na maior cidade do país. “Mostramos que tem espaço para a esquerda, espaço para o debate e que nós temos de enfrentar cada vez mais a direita, a direita liberal e a extrema-direita”, disse. 

“Não tiro a responsabilidade de fazermos um balanço dessas eleições, principalmente do ponto de vista do PT. Nós tínhamos uma expectativa, principalmente em relação ao primeiro turno, de elegermos o maior número de prefeitos. Embora a gente não tenha perdido votação em relação a 2016, nos diminuímos o número de prefeituras. Agora, com essas de segundo turno, aumentamos o número de população a  ser governada pelo PT. Então também é um desafio grande”, destaca. 

O partido, ela assume, precisa fazer um balanço sobre sua organização, a presença nas comunidades, a relação com o povo. “Mas acho que nós conseguimos nos reposicionar nesses grandes centros em termos de disputa política e de fala com a sociedade brasileira.”

 

Sem grandes ganhadores

Gleisi não vê nenhum grande ganhador nessa eleição. A direita, somando PSDB, Democratas – embora o PSDB tenha conservado a capital de São Paulo –, teve uma disputa que não foi fácil lembra ela. “Eles têm sempre a hegemonia em São Paulo. E perderam um monte de município com o MDB. Centrão teve vitória expressiva, mas não tem um projeto hegemônico de política. Não tem condução nacional de um projeto. Está com Bolsonaro como esteve com outras forças, inclusive conosco quando governamos o Brasil”, compara. “E mesmo a extrema direita, embora tenham crescido em votos os partidos em torno do Bolsonaro, também não teve vitória expressiva. O que seria até esperado pelo que tiveram em 2018. O bolsonarismo não conseguiu continuar com a curva ascendente.” 

Assim, para a presidenta do PT, a hegemonia política na sociedade brasileira está em disputa. “É um quadro que está em aberto. Nós, do campo de esquerda, temos o grande desafio de abrir um processo de construir um caminho da unidade, do diálogo em torno de um projeto para o Brasil. É o que se mostrou viável durante esse processo eleitoral municipal.” 

Considerando todos os espectros políticos, os três partidos mais vitoriosos no segundo turno foram PSDB (9), MDB (8) e Podemos (7).