Escrito por: Redação CUT
3M alega reestruturação e passa a fazer parte de uma crescente lista de empresas que encerram atividades no Brasil por causa da instabilidade política e econômica do país
A norte-americana 3M anunciou o fechamento de sua fábrica em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, e a demissão de 120 trabalhadores da unidade, que fabrica produtos odontológicos. A empresa afirma que “a decisão é resultado de uma estratégia de negócios”, e que os trabalhadores dispensados “estão recebendo apoio, incluindo um pacote de indenização, benefícios e treinamento para recolocação no mercado”.
A multinacional argumenta que passa por reestruturação constantemente e informou que as atividades da unidade serão transferidas para a fábrica de Sumaré (SP).
"A 3M avalia constantemente seus negócios para garantir que está alocando recursos para as melhores oportunidades possíveis, visando agregar valor aos seus clientes, impulsionar a eficiência operacional e aumentar sua competitividade", afirma a empresa em nota.
Além da 3M em São José do Rio Preto, outras fábricas vêm sentido o peso da estagnação econômica no Brasil. A Ford, no início de janeiro, também sob o pretexto da reestruturação, encerrou suas atividades no Brasil, deixando mais de 5 mil trabalhadores diretos sem emprego.
Nestlé e Duratex também adotaram a medida em 2019. A Sony, com fábrica na Zona Franca de Manaus, anunciou em setembro de 2020 que encerrará suas atividades em março deste ano.
Ainda na Zona Franca, Sharp, Philips e a Gradiente, que tinha decidido retornar a Manaus, já haviam feito o mesmo.
Quando a Sony anunciou o fechamento, o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, apontou dois fatores. Um deles, a concorrência com as coreanas e chinesas, que ele diz, ‘não é fácil’, e “a instabilidade que continua pairando no país, a instabilidade política e a insegurança jurídica”.
Engrossam a lista também a Mercedes-Benz, Forever 21, a General Mills e até a CBC Taurus, uma das principais fabricantes de armas leves do mundo, que anunciou em maio do ano passado a transferência de uma das linhas de produção da matriz em São Leopoldo (RS) para a unidade na cidade de Bainbridge, nos Estados Unidos.
Só no ano passado 5,5 mil fábricas encerraram suas atividades. Nos últimos cinco anos (2015 a 2020), quase 17 estabelecimentos industriais fecharam definitivamente suas portas por dia.
A empresa tem cerca de quatro mil funcionários em unidades localizadas em Ribeirão Preto, Itapetininga, Mairinque (SP), Manaus (AM) e Bom Princípio (RS).
A 3M esteve no centro de uma das primeiras crises geradas pela maléfica atuação do desgoverno Bolsonaro no combate à pandemia do coronavírus, em abril de 2020.
Na ocasião, o então ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta negociou a compra de todas as máscaras produzidas no Brasil pela 3M, após Donald Trump ameaçar embargar a produção de equipamentos da empresa nos Estados Unidos e impedir a exportação.
Com informações da RBA