Escrito por: Redação CUT

42 Yanomamis morreram este ano por doenças relacionadas à desnutrição

Outras seis mortes que ainda estão sendo investigadas e também podem estar relacionadas à fome. Garimpo ilegal e omissão do governo Bolsonaro provocaram a tragédia

Júnior Hekurari / Arquivo Pessoal / Divulgação
Em Surucucu, equipe tenta socorrer bebê de um ano e cinco meses com quadro grave de desnutrição

A tragédia do povo Yanomami, encurralado por cerca de 20 mil garimpeiros e madeireiros ilegais que atuavam em suas terras na Amazônia sob a complacência do governo de Jair Bolsonaro (PL), pode ser mensurada pelo número de mortes por doenças relacionadas à fome.

Com os rios poluídos por mercúrio que mata os peixes, suas roças destruídas e as constantes ameaças de estupro de meninas e adolescentes Yanomamis, em troca de comida, os indígenas ficaram sem alternativas para sobreviver minimamente.

Apesar do governo Lula (PT) ter criado uma força tarefa para socorrer aquela população os reflexos da falta de alimentação ainda são sentidos. Somente nos dois primeiros meses deste ano, 42 Yanomamis morreram por diarreia, pneumonia e outras doenças relacionadas à desnutrição. Esse número pode subir para 48 se as mortes de mais seis indígenas por essas doenças forem confirmadas. Os dados ainda não foram contabilizados pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) vinculado ao Ministério da Saúde. O DSEI aponta 1.181 óbitos em quatro anos, ou 24,6 por mês, em média.

No Hospital da Criança Santo Antônio, do município de Boa Vista, quatro crianças yanomamis morreram desde a declaração da emergência, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Duas mortes foram por desnutrição grave, uma por diarreia aguda e outra por pneumonia.

A unidade é a única que atende crianças em estado grave no estado, inclusive com enfermarias exclusivas para indígenas. Nesta quarta-feira (1º), 58 meninos e meninas yanomamis permaneciam internados no hospital, segundo apuração do jornal Folha de SP.

Ministra da saúde visita Terra Yanomami

Nesta quinta-feira (2) uma comitiva com a ministra da Saúde Nísia Trindade deve chegar a Surucucu, no território Yanomami, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Na quarta – feira (1º) , a ministra e o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, desembarcaram em Roraima para acompanhar os trabalhos feitos no combate à crise de saúde do povo Yanomami.

Segundo o Ministério da Saúde foram mais de cinco mil atendimentos médicos realizados em um mês no território Yanomami), antes de um mês da força tarefa criada pelo governo. Neste período, 78% das crianças atendidas ganharam peso. Também foi iniciada uma campanha de vacinação para os Yanomamis.

Segundo Nísia Trindade, 14 médicos do programa Mais Médicos devem começar a atuar na região, a partir do dia 14 deste mês. Depois, mais  cinco profissionais se juntarão à equipe.