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45 dias de resistência na Vigília Lula livre

“Não vai ser frio, não vai ser chuva, não há nada que possa nos afastar da vigília. Só sairemos daqui com Lula livre”, garante a presidenta da CUT Paraná, Regina Cruz, uma das coordenadoras do acampamento

Publicado: 22 Maio, 2018 - 16h31

Escrito por: Tatiana Melim

Gibran Mendes/CUT-PR
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São 45 dias de resistência. Desde o dia 7 de abril, quando o ex-presidente Lula anunciou que cumpriria a decisão judicial, os arredores da sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, nunca mais foram os mesmos.

A movimentação não para dia e noite. Milhares de pessoas, vindas de todos os estados do País e até de outros países, como Argentina, Paraguai, Suécia e França, já passaram pela Vigília Lula Livre para expressar indignação com a prisão política, sem crimes nem provas, de um inocente e, também, gratidão ao melhor presidente que o Brasil já teve. 

Do sol escaldante às temperaturas de até 4°C, um grupo que coordena o acampamento ainda não arredou pé nenhum dia e promete sair de lá somente com Lula em liberdade.

“Não vai ser frio, não vai ser chuva, não há nada que possa nos afastar da vigília. Só sairemos daqui com Lula livre”, garante a presidenta da CUT Paraná, Regina Cruz, uma das coordenadoras do acampamento.

Consciente de que a luta será longa e de que os adversários na mídia, na política e até em parte do Judiciário estão jogando pesado para tentar tirar Lula do processo eleitoral, Regina conta que a solidariedade, determinação e persistência de todos os que acreditam na inocência de Lula, em todos os cantos do Brasil, é o dá força para continuarem firmes na luta.

“Não estou falando apenas de pessoas que vêm em caravanas organizadas pelos movimentos sociais e sindical”, explica Regina, que destaca: “estou falando de pessoas conscientes, que chegam aqui por conta própria e ficam alguns dias para nos ajudar e fortalecer a luta."

Foi o caso da visita de quatro senhoras, lembra Regina, que saíram de Fortaleza rumo à capital paranaense com um carro alugado para passar o último final de semana na Vigília Lula Livre.

“Eu fiquei muito feliz e até mesmo comovida com a vinda delas. Vieram de forma espontânea, disseram que queriam estar mais perto de Lula. Ficaram aqui e nos ajudaram. São esses gestos de solidariedade que nos animam ainda mais a continuar na luta pela liberdade do nosso presidente.”

Outra ação espontânea que chamou a atenção da presidenta da CUT-PR foi a iniciativa “do pessoal de São Paulo”, que também compareceu à vigília neste fim de semana.

“Eles trabalham de segunda a sexta e chegaram a Curitiba no final de semana para ajudar a lavar louça, cozinhar, organizar o acampamento. Depois eles voltaram para trabalhar”, relata.

“Essas são as iniciativas que mais acontecem aqui. E esses gestos são demais. Sintetizam porque Lula vale a luta e porque ficaremos aqui até o final.”

Joka Madruga/Agência PTJoka Madruga/Agência PT
Regina Cruz, presidente da CUT-PR, fala sobre os 45 dias da Vigília Lula Livre

A presidenta da CUT-PR conta ainda que o acampamento tem o apoio de praticamente todas as categorias de trabalhadores. Servidores públicos, professores, rurais, petroleiros, bancários, metalúrgicos, vigilantes, químicos, são trabalhadores e trabalhadoras de todo Brasil que reconhecem o que Lula fez pelos direitos da classe operária e estão organizando caravanas todas as semanas. 

“Eles fazem um rodízio para garantir o suporte diário ao acampamento, e também dar o já tradicional ‘bom dia, presidente Lula’ que, como já nos disseram vários companheiros e companheiras que visitaram Lula na Polícia Federal, faz um bem enorme a ele”.

"Vocês são o meu grito de liberdade todo dia. Se eu não tivesse feito nada na vida, e tivesse construído com vocês essa amizade, já me faria um homem realizado. Por vocês valeu a pena nascer e por vocês valerá a pena morrer", disse Lula em uma das cartas de agradecimento que enviou à militância, dizendo que escuta todos os dias o 'bom dia'.  

Chocolate quente para aliviar o frio

Nos finais de semana, a movimentação nos arredores da Polícia Federal é sempre maior. No último, o desafio dos militantes foi driblar a chuva e a queda brusca da temperatura, que chegou a atingir 4°C.

Chocolate quente foi uma das saídas que os acampados encontraram para enganar o frio e manter a agenda de atividades do fim de semana que, além do sagrado ‘bom dia’ e ‘boa noite’ ao Lula, contou com ciranda de roda, música e ato inter-religioso.

‘Casa Lula livre’

Segundo Regina, a organização está fazendo o possível para enfrentar os desafios que irão surgir com a chegada da frente fria. Uma instalação perto das imediações da Praça Olga Benário, a 100 metros de onde Lula é mantido isolado, está sendo providenciada.

No espaço, que se chamará ‘Casa Lula Livre’, será instalada uma cozinha e ambientes para as pessoas se abrigarem do frio. “Sabemos que será difícil ficar apenas em barracas com esse tempo, por isso estamos dando um jeito”, explica a presidenta da CUT-PR.

Regina orienta quem estiver a caminho de Curitiba a procurar a coordenação do acampamento na Praça Olga Benário e se cadastrar para ter acesso às estruturas montadas no local para receber a todos.

Doações

Com a chegada do frio e a necessidade de manter as refeições diárias no acampamento, a presidenta da CUT pede doações de cobertores, alimentos que não sejam perecíveis, como carne e verduras, além de água.

“Essas são nossas maiores necessidades no momento”, diz.

Quem puder comparecer ao local da vigília, na Praça Olga Benário, próximo à sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, pode procurar a coordenação para entregar as doações.

Quem tiver dificuldades de comparecer pessoalmente, pode ajudar também com doações por meio do site https://vigilialulalivre.pt.org.br/cli/#/