6 em cada 10 brasileiros são contra redução de terras indígenas, revela pesquisa
Pesquisa Datafolha mostra que 60% da população brasileira são contra a revisão da demarcação de terras indígenas. Mulheres e jovens são os mais contrários à medida
Publicado: 14 Janeiro, 2019 - 17h16 | Última modificação: 14 Janeiro, 2019 - 17h49
Escrito por: Redação CUT
Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (14) pelo Instituto Datafolha revela que seis em cada dez brasileiros são contra a revisão da demarcação de terras indígenas, territórios que a União reconhece como ocupação tradicional dos povos originários do Brasil. Segundo o Datafolha, 60% dos brasileiros não concordam com a redução, 37% concordam e 3% não souberam responder.
O assunto veio à tona após a primeira medida provisória do governo de extrema direita de Jair Bolsonaro (PSL), no dia 1º de janeiro, que transferiu da Fundação Nacional do Índio (Funai) para o Ministério da Agricultura a função de demarcar essas terras.
De acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), o Brasil possui hoje 721 terras, que passam em 13,8% do território nacional. Mais de 400 delas, ou 98% em termos de tamanho, estão na Amazônia Legal, território que abrange os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Mulheres e jovens são contra
O Datafolha revela que o percentual de pessoas contrárias à redução de terras para a população indígena é maior entre as mulheres - 62% são contra a redução contra 57% dos homens.
Os jovens também são os que mais rejeitam a proposta. No grupo acima de 60 anos, 46% aceitam a revisão da demarcação, contra 32% dos jovens de 16 a 24 anos, que não concordam com a medida.
A pesquisa foi feita com 2.077 pessoas, em 130 municípios, entre 18 e 19 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos para cima ou para baixo, considerando um nível de confiança de 95%.
Demarcação na mão do agronegócio
Com a posse de Bolsonaro, quem irá cuidar diretamente da revisão e demarcação de terras indígenas será o pecuarista e ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antônio Nabhan Garcia, agora chefe da Secretaria de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura.
O pecuarista garantiu que irá reavaliar as demarcações, realizadas nos últimos dez anos ou mais. "Temos o dever de revisar algumas demarcações porque existem indícios de irregularidades. O que puder ser revisto e passado a limpo, será passado a limpo", declarou o Garcia à Folha de S.Paulo.
O novo cenário preocupa entidades ligadas aos direitos da população indígena. O secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cléber Buzatto, alerta que a Constituição Federal reconhece o direito dos povos indígenas às terras.
Buzatto explica que o governo Bolsonaro corre risco de responder juridicamente se levar adiante as mudanças. "Se adotarem medidas na contramão, poderão sofrer ações de improbidade administrativa, seja o presidente da República, o ministro ou o secretário", declarou em entrevista à Folha de S.Paulo.
*Com informações Jornal GGN