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61 milhões de pessoas podem ficar sem água no Brasil. Metade está em SP e RJ

Levantamento da Agência Nacional de Águas (ANA) mostra que o país tem sofrido estiagens cada vez maiores, ao mesmo tempo que demanda aumenta continuamente

Publicado: 06 Maio, 2019 - 09h31 | Última modificação: 06 Maio, 2019 - 09h34

Escrito por: Rodrigo Gomes, da RBA

DANILO VERPA/FOLHAPRESS
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Estudo feito pela Agência Nacional de Águas (ANA) indica que 60,9 milhões de pessoas podem ficar sem água no Brasil em caso de um prolongado período sem chuvas. Destas, 20,5 milhões estão na região metropolitana de São Paulo, que já sofreu uma grave crise de abastecimento nos anos de 2014 e 2015. O número de paulistanos sob risco equivale a quase metade da população do estado. Outros 11,8 milhões estão na capital fluminense, equivalente a 68,6% da população do estado.

O risco de desabastecimento afeta 5 milhões de pessoas em Pernambuco, 4,5 milhões em Minas Gerais, 3,1 milhões na Bahia e 1,8 milhão na Paraíba.

De acordo com a ANA, há um aumento significativo da demanda em locais onde as fontes já não oferecem água suficiente para o pleno atendimento. A agência elaborou um novo índice para medir o risco de desabastecimento nos reservatórios monitorados. O Índice de Segurança Hídrica (ISH) aponta a quantidade de moradores em risco, considerando fatores como a oferta de água para a população, para a produção econômica, a vulnerabilidade dos mananciais e o potencial dos estoques.

Dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) indicam que o volume armazenado nos sete reservatórios da região metropolitana de São Paulo corresponde a 76,5 % da capacidade, pouco acima dos 69,9% registrados em 2013, último ano antes da seca que levou a população paulista a conviver com o racionamento de água. Já no Rio, a represa de Paraíba do Sul opera com 55,8% da capacidade, abaixo do registrado em 2013: 65%.

Além dos riscos atuais, a ANA destacou que se não houver obras e ações de redução de perdas e desperdício, o número de pessoas ameaçadas deve aumentar em 21% até 2035, chegando a aproximadamente 75 milhões de pessoas.

A agência propôs um conjunto de 99 obras prioritárias, como novas barragens, dutos e canais, que já constam do Plano Nacional de Segurança Hídrica. O custo estimado é de R$ 27,6 bilhões. Destas obras, 15 seriam em São Paulo, ao custo de R$ 2,8 bilhões, e nove no Rio de Janeiro, estimadas em 5,1 bilhões.

"O Brasil tem 12% da água doce do mundo, mas ela está basicamente na região Norte. Diferentemente do setor elétrico, a gente não tem linhas de transmissão para fazer a distribuição. Esta infraestrutura proposta, grosso modo, seria como as linhas de transmissão para que a gente chegue com a água nos diversos lugares, nos diversos atendimentos e seus usos todos", explicou Marcelo Cruz, diretor da ANA.