67,3% são contra golpe militar em períodos de crise econômica
Se cenário for de muitos crimes, 53,2% apoiam o golpe militar. Mas, 7 de cada 10 brasileiros são contra o golpe em época de crise econômica como a atual, com altas taxas de desemprego e protestos sociais
Publicado: 07 Maio, 2018 - 13h55
Escrito por: Redação CUT
Em um cenário de desemprego ou de muitos protestos sociais, como estamos vivendo no Brasil pós-golpe de 2016, a ideia de um golpe militar é rejeitada pela absoluta maioria dos brasileiros, quase 7 de cada 10 brasileiros rejeitam o ato antidemocrático: 67,3% são contra; outros 25,7% apoiam o golpe e 7% não responderam.
Os dados são da pesquisa do Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação (INTC), composto por representantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Federal de Brasília (UNB) e foram divulgadas com exclusividade pelo jornal Valor Econômico nesta segunda-feira (7).
A crise econômica também parece ter contribuido para derrubar o percentual de brasileiros que afirmam estar satisfeitos ou muito satisfeitos com a democracia. A pesquisa do INTC registrou o mais baixo da série iniciada em 2002: apenas 19,4% afirmaram estar satisfeitos com a democracia.
Já em 2014, o percentual dos satisfeitos ou muito satisfeitos com o regime democrático alcançou 38,9%. O auge do contentamento com a democracia ocorreu em 2010, quando 44,4% manifestaram algum grau de satisfação.
Os períodos de satisfação com a democracia coincidem com os governos dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, que criaram políticas públicas de geração de emprego, distribuição de renda, construção de moradias e outras - entre 2003 e 2014, foram gerados 21 milhões de empregos e o salário mínimo teve aumento real de 71,5%.
Após o golpe de 2016, quando o ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB-SP) assumiu o poder, são mais de 13,7 milhões de trabalhadores e trabalhadoras desempregados, segundo o IBGE. E, segundo o CAGED, os empregos gerados são precários, sem carteira assinada, intermitente ou parcial.
Apoiadores do golpe
Diante de um quadro de "muito crime no país" ou "muita corrupção", há mais brasileiros hoje que concordam com a possibilidade de um golpe de Estado liderado por militares do que aqueles que discordam. Em 11 anos em que esse tipo de pesquisa quantitativa tem sido feita por diferentes instituições, mas com o mesmo método científico, é a primeira vez que o desapreço pela democracia atinge tal estágio.
Segundo a pesquisa, 53,2% dos pesquisados afirmaram que apoiam um golpe militar em um cenário em que o país fosse palco de muitos crimes. No caso de "muita corrupção", 47,8% defendem uma intervenção militar.
O aparente desapreço pela democracia foi captado por pesquisa de opinião realizada entre 15 e 23 de março, com 2,5 mil pessoas em 26 Estados (a enquete não foi feita no Amapá) e no Distrito Federal.