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8 de março: data histórica é dia de visibilidade e luta das mulheres

Dia Internacional da Mulher foi instituído para eternizar a luta das trabalhadoras por direitos, respeito e igualdade, no trabalho, na sociedade e na vida. Bandeiras são parte da luta da CUT desde sua fundação

Publicado: 08 Março, 2025 - 00h00 | Última modificação: 08 Março, 2025 - 00h45

Escrito por: André Accarini | Editado por: Walber Pinto

Arte CUT/Foto Cartolune Olveira/BdF
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O histórico 8 de março, Dia Internacional da Mulher é uma época em que os movimentos feministas fazem questão de deixar claro que a data não se trata de comemoração, mas dar visibilidade a uma luta que é cotidiana e que tem no combate à violência contra à mulher seu maior foco.

A proposta de criar uma data internacional para celebrar as lutas e as conquistas das mulheres em todo o mundo surgiu em 1910, na 2ª Conferência Internacional das Mulheres Socialistas. Mas, foi somente em 1921, na Conferência Internacional de Mulheres Comunistas, que a data foi  escolhida.

O 8 de Março é uma referência a uma mobilização histórica de operárias russas que realizaram uma greve geral contra a fome, a guerra e o czarismo, em 1917, e que impulsionou o processo que culminou na Revolução Russa.

Oficializado a partir de 1922, o 8 de março passou a simbolizar um conjunto de ações de mulheres que, cotidianamente, lutam por transformações no mundo do trabalho e na sociedade.  Ao longo dessas décadas, muitas foram as conquistas, porém ainda são muitas as lutas para que seja construída uma sociedade com desenvolvimento sustentável, livre do machismo e com igualdade entre todas e todos.

Atos

Neste sábado, 8 de março, a Central e feministas farão atos em diversas cidades do Brasil para chamar a atenção da sociedade sobre as diversas formas de violência contra as mulheres. Em vários locais os atos já estão confirmados. Em outros, a mobilização ainda está sendo organizada. Confira aqui os locais

CUT, uma central feminista

A história de luta pelo fim da violência contra as mulheres é parte essencial da história da CUT. Desde a sua fundação, em 1983, as mulheres têm participação ativa na construção do movimento feminista que se reflete não somente nos espaços externos, mas dentro da própria organização da central.

A formalização da organização das mulheres ocorreu com a aprovação da criação da Comissão Nacional Sobre a Questão da Mulher Trabalhadora (CNMT) no 2º Congresso Nacional da CUT (CONCUT), em 1986, a partir da necessidade do enfrentamento da realidade e da discriminação no cotidiano no trabalho, na sociedade e no movimento sindical, e de inserir as demandas da mulher trabalhadora na plataforma da CUT.

A Secretaria Nacional da Mulher Trabalhadora – SNMT, foi criada no 8º Congresso Nacional da CUT (8º Concut), em 2003, após 17 anos de organização das mulheres no âmbito sindical, por meio da Comissão Nacional sobre a Mulher Trabalhadora – CNMT.

Marco da luta das mulheres no movimento sindical foi a aprovação da obrigatoriedade da paridade de gênero na direção da CUT, no 11º Concut, em 2011. Mais do que corrigir uma distorção cultural e histórica da sociedade, baseada no machismo estrutural, a iniciativa visava estabelecer às mulheres o lugar de direito em espaços de poder dentro do movimento sindical.

A resolução da paridade trouxe a disposição de que, a partir das eleições de direções no ano de 2015, tanto a Executiva nacional quanto as estaduais da CUT deveriam reservar ao menos 50% de cargos para cada gênero, consagrando o assim princípio da equidade e da igualdade de oportunidades, em que homens e mulheres devem ter o mesmo espaço de poder e decisão na CUT.

Um ponto importante da paridade é a efetiva organização e conscientização das mulheres trabalhadoras para intervir no mundo do trabalho e no movimento sindical sobre questões que impactam suas vidas, o que se traduz em construção de políticas de gênero, com base nos princípios e fundamentos da CUT.

2025 – Pela vida de todas as mulheres, ainda estamos aqui

A luta e a defesa da vida de todas as mulheres foi o tema escolhido pelo Movimento das Mulheres da CUT para a campanha deste 8 de março de 2025 – Dia Internacional da Mulher. O slogan da campanha é “Pela Vida de Todas as Mulheres, que remete à luta contra a violência, a resistência e a resiliência dos movimentos de mulheres da CUT e feministas.

O Coletivo de Mulheres Trabalhadoras da Central já definiu as estratégias de mobilização para este dia 8 e para todo o mês de março. As atividades começaram já durante o Carnaval, dando visibilidade às bandeiras de luta na maior festa popular do país.

O tema central da campanha deste ano é “Pela vida de todas as mulheres, ‘ainda estamos aqui’; pela redução da jornada de trabalho, sem redução de salários; e pela democracia - sem anistia para os golpistas”.

No entanto, as pautas também incluem a luta pela igualdade salarial; o combate à violência e ao assédio no mundo do trabalho e a importância da Convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho – OIT; a política de cuidados e a Convenção 156 da OIT; direitos reprodutivos, violência de gênero e aborto legal; e a importância da V Conferência de Políticas Públicas para as Mulheres.

ONU

A data foi oficialmente reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, quando o ano foi declarado como o Ano Internacional da Mulher. Desde então, o 8 de março passou a ser um marco global de reflexão sobre os direitos das mulheres, celebrando conquistas e reforçando a luta por igualdade de gênero.

Este ano, em nível global, a ONU traz como campanha o tema: “Para TODAS as mulheres e meninas: Direitos. Igualdade. Empoderamento.”

De acordo com o portal ONU Mulheres, o tema deste ano representa um chamado para ações que possam ampliar a igualdade de direitos, poder e oportunidades para todas, e um futuro feminista onde nenhuma seja deixada para trás. O empoderamento da próxima geração é central para essa ideia — a juventude, especialmente as jovens mulheres e meninas, será protagonista de mudanças duradouras.

Violência contra a mulher

A luta pelo fim da violência contra a mulher é carro chefe de todo 8 de março deste ano, ainda que as lutas, slogans e bandeiras tragam em suas campanhas, outras nomenclaturas. É importante ter a consciência de que todas as pautas levantadas pelas mulheres representam algum tipo de violência.

Desta forma, por exemplo, a defesa pela igualdade salarial, por iguais oportunidades, pela divisão de responsabilidades é uma luta contra uma violência praticada contra a mulher. Se elas ganham menos do que os homens, em mesmas funções, estão sofrendo violência econômica que as colocam em lugar de vulnerabilidade.

Se elas não estão presentes ou não têm representatividade em espaços de poder, das mesma forma estão sendo cerceadas de ter sua voz ouvida e respeitada nesses espaços em que, muitas vezes, as decisões não priorizam suas necessidades mais fundamentais. Mas este são alguns dos exemplos das formas de violência. Veja mais abaixo.

Tipos de violência contra a mulher são:

  • Violência física: qualquer ato que ofenda a integridade do corpo da mulher. São os tapas, os socos, os empurrões, pegar pelo braço ou outras partes do corpo, de maneira a coagir a vítima, entre várias outras formas.
  • Violência emocional: qualquer ato que cause dano emocional à mulher. É a ofensa, o grito, a forma autoritária e agressiva de diálogo. Mas é também a humilhação, o desprezo, o descrédito de sua palavra.
  • Violência sexual: condutas que forcem a mulher a manter atos sexuais sem consentimento ou desejo, entre eles o próprio ato sexual. Acontece mediante intimidação, chantagem, etc. Engloba também a prática do ato sexual sem ela poder fazer o uso de métodos contraceptivos ou preservativos.
  • Violência patrimonial: é quando o agressor confisca, retém, ou proíbe a mulher de usar seus objetos pessoais, instrumentos de trabalho e até cartões de crédito e documentos. Inclui-se cercear a mulher de ter domínio de seu próprio patrimônio financeiro, ou seja, o seu dinheiro.
  • Violência moral: é a calúnia, a difamação, a injúria.