8 de Março em Porto Alegre vai defender a vida das mulheres trabalhadoras
Na capital gaúcha, as atividades serão concentradas, ao longo de todo o dia, no Largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público
Publicado: 07 Março, 2019 - 09h17 | Última modificação: 07 Março, 2019 - 09h52
Escrito por: CUT-RS
Mulheres da CUT, CTB, MST e movimentos sociais sentaram ao redor de uma mesa ao meio-dia desta quarta-feira (6), na sede da CUT-RS, durante uma hora de transmissão ao vivo pelo Facebook, e divulgaram a programação das manifestações de 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, em Porto Alegre e várias cidades do interior gaúcho, sob o mote "Pela Vida das Mulheres Trabalhadoras".
Participaram da roda de conversa a secretária de Administração e Finanças da CUT-RS, Vitalina Gonçalves, que coordenou os trabalhos, a secretária de Formação da CUT-RS, Maria Helena Oliveira, a diretora da CTB-RS, Célia Chaves, a representante do MST, Salete Carollo, a representante da União Brasileira de Mulheres (UBM), Débora Melecchi, e a representante da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Maria do Carmo Bittencourt.
Na capital gaúcha, as atividades serão concentradas, ao longo de todo o dia, no Largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público. Ainda na madrugada, às 6h, terá início a instalação de um lonão e barracas de entidades, que contarão com especialistas para prestar atendimento gratuito às mulheres, desde casos de assédio sexual e violência doméstica até esclarecimentos sobre aposentadoria e reforma da Previdência.
Haverá também três painéis de debates, apresentações culturais, tribuna livre e uma feira orgânica da reforma agrária e de artesanato. Ao final da tarde será realizado um ato na Esquina Democrática.
Além de detalhar os eventos da programação, as mulheres enfatizaram os principais temas que estão em debate, como o feminicídio, os direitos reprodutivos, a reforma da previdência, a soberania alimentar e a defesa do patrimônio público e dos territórios.
Reforma da Previdência prejudica mais as mulheres
“As mulheres às vezes conciliam a jornada de trabalho com a criação dos filhos, os afazeres domésticos e, por isso, não se enxergam enquanto trabalhadoras. O que precisamos fazer é mostrar que quem está em casa também é trabalhadora, tem direitos sim e que estão em jogo com a reforma da Previdência”, disse Vitalina ao explicar que as mulheres serão as mais prejudicadas pela reforma de Bolsonaro.
Para ela, o tripé da Seguridade Social, composto por Assistência Social, Saúde e Previdência, e garantido pela Constituição de 1988, está sendo ameaçado pela proposta montada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
“As mulheres trabalham 30 horas por semana a mais do que os homens, mas em funções que não são remuneradas, as tarefas domésticas. Na proposta de reforma do Bolsonaro, o governo não leva em consideração a jornada da mulher dentro de casa, por isso é injusta”, defendeu Maria do Carmo.
“Como se não bastassem as relações de trabalho desiguais, a cada 11 minutos uma mulher morre no Brasil, vítima de uma crime de ódio relacionado ao gênero. Isso é absurdo. Temos de cobrar políticas públicas consistentes para a defesa da mulheres e isso não se faz acabando com secretarias e aparatos sociais em nome de um equilíbrio fiscal que nunca vem”, criticou Débora Melecchi.
Alimentação saudável
Célia Chaves lembrou que, em razão da rotina atribulada da vida doméstica, muitas donas de casa não cuidam da própria saúde. “Elas deixam de olhar para si para cuidarem dos filhos, maridos e parentes”, destacou.
Salete Carollo fez questão de enfatizar a importância da alimentação para a saúde das mulheres. “Hoje temos um projeto agroindustrial que permite a entrada de veneno no país. Existe uma série de agrotóxicos produzidos no exterior e que são proibidos por lá, mas acabam na mesa da trabalhadora brasileira. O pequeno agricultor, que não adere a essa lógica e vive de uma produção orgânica, sem pesticidas, terá uma árdua batalha pela frente”, salientou.
Agenda das mulheres
O primeiro aniversário do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) no dia 14 de março, o Dia Nacional de Luta Contra a reforma da Previdência no dia 22 de março e o primeiro ano da prisão injusta do ex-presidente Lula no dia 7 de abril também foram lembrados pelas mulheres.
“A violência que atinge as mulheres é a mesma que atingiu Marielle há um ano. Ela era uma feminista, negra, lésbica, que lutava pelos direitos humanos e denunciava a militarização do Estado. Em nome dela e de outras tantas que são marginalizadas é que realizaremos um grande ato e uma caminhada”, enfatizou Maria do Carmo ao salientar que a manifestação terá início às 17h30 dia 14, na Esquina Democrática.
“Se as mulheres são as mais prejudicadas, então não podemos nos omitir”, avaliou Célia Chaves ao destacar a necessidade de participação na luta contra a reforma de Bolsonaro, que as centrais sindicais promovem no dia 22 contra o fim da aposentadoria.
“Não podemos nos esquecer também de um homem que lutou muito pela igualdade entre homens e mulheres. O primeiro ano da prisão, sem justificativas, do ex-presidente Lula não passará batido. Nós estaremos na linha de frente cobrando a sua liberdade”, salientou Vitalina.
“Em outubro do ano passado, as mulheres disseram que ele não nos representa. Agora somos resistência”, frisou Maria Helena ao analisar os retrocessos do governo Bolsonaro e a necessidade de defender os direitos e a democracia.
Ao final, elas se deram as mãos, sinalizando a unidade das mulheres. “Não nos calarão, estaremos juntas e de mãos dadas sempre”, ressaltou Vitalina. “Pela vida das mulheres, ninguém solta a mão de ninguém. Somos todas Marielle e Lula livre”.
Confira a programação