Escrito por: Leonardo Severo
Lisboa defende “ratificação da Convenção da ONU para os trabalhadores migrantes”
Marcha uniu trabalhadores migrantes e familiares para exigir justiça
A concentração iniciou na Praça da República e partiu pela avenida São Luís até a praça da Sé, com latino-americanos, asiáticos e africanos trocando experiências e fazendo uso do carro de som em suas línguas para afirmar a defesa comum dos valores da Humanidade e da migração como “direito humano”.
A beleza e a diversidade dos grupos musicais e de dança folclórica se somaram ao colorido das bandeiras de diferentes nacionalidades, afirmando a riqueza de experiências, esperanças e sonhos, partilhadas para integrá-las à nossa própria cultura.
“Somos um país que nasceu da miscigenação e foi a ebulição deste caldo de cultura tão intenso quanto plural que nos fez o povo que somos. Por isso, por uma questão humanitária e de justiça histórica, somos favoráveis à ratificação da Convenção das Nações Unidas para a proteção de todos os trabalhadores migrantes e membros das suas famílias”, declarou Antonio Lisboa, secretário de Relações Internacionais da CUT
Conforme a carta da 8ª Marcha, “os imigrantes sofrem violência quando têm seus direitos negados, quando têm seu trabalho explorado, quando são invisibilizados, quando têm sua cultura desprezada, quando não tem acesso à saúde e educação, quando não têm direito ao voto, quando as mulheres imigrantes sofrem violência doméstica sem poder denunciar, quando sofrem xenofobia, preconceito contra sua língua, sua cor e sua origem”. Por isso, entre as exigências do movimento está a garantia de “dignidade no trabalho, pelo fim de todas as explorações e humilhações laborais, pela responsabilização das grandes corporações que enriquecem com a nossa força de trabalho, por leis mais justas e por equiparação salarial”.
Um dos organizadores do evento, o boliviano Daniel Colque destaca que a luta pelo direito ao voto é uma reivindicação essencial para dar maior visibilidade junto aos governantes e garantir mais espaço junto às administrações. “Queremos o direito de eleger e ser elegidos. Na Bolívia é assim que funciona e isso tem contribuído muito para o aperfeiçoamento da democracia. Acredito que seria muito bom termos reciprocidade”, acrescentou.
Para Jorge Carrilo Vallejo, chileno da organização Salvador Allende, acredita que “uma vez garantido o voto, o imigrante deixará de ser um cidadão de segunda categoria, e deixará de enfrentar tantas dificuldades e preconceitos, como nas escolas e no atendimento nos postos de saúde”.
Na avaliação de Andrea Carabantes, da Convergência de Culturasd Warmis, é a falta de acesso à informação a base de onde deriva toda a violência contra os imigrantes, que ficam indefesos diante do desconhecimento dos seus próprios direitos.