Escrito por: SNCR
Secretários de Combate ao Racismo se reuniram em São Luís para a atividade
A secretaria nacional de Combate ao Racismo da CUT realizou, entre os dias 17 e 19 de abril, a atividade “A abolição inacabada – 130 anos e a permanência do racismo", que reuniu secretários e secretárias de Combate ao Racismo das Estaduais e dos Ramos da Central, em São Luís, Maranhão.
O objetivo do evento foi aprimorar o conhecimento sobre a história da África e sua contribuição para o desenvolvimento do Brasil; discutir o golpe de estado que destituiu a presidenta Dilma Rousseff e as consequências para os negros e as negras da usurpação do cargo de Presidente da República pelo grupo neoliberal liderado por Michel Temer; além de debater o racismo institucional e ações concretas para o enfrentamento aos retrocessos e ataques aos direitos que vêm sendo implementados desde 2016.
Na terça-feira (17), participaram da mesa de abertura do evento, mediada por Rosana Fernando, secretária nacional Adjunta de Combate ao Racismo da CUT, o secretário de Igualdade Racial, Gerson Pinheiro, representando o governo do Maranhão; o professor Carlos Benedito, representante da Universidade Federal do Maranhão (UFMA); Júlia Reis, secretária nacional de Combate ao Racismo da CUT; Adriana Oliveira, presidente da CUT Maranhão; Martius das Chagas, secretário nacional de Combate ao Racismo do PT; Adomair Ogumbiyi, representante do Movimento Negro Unificado (MNU); professor Luizão, representando o Centro de Cultura Negra (CCN-MA); e Jana Silverman, representando a entidade financiadora do evento, a Solidarity Center/AFL-CIO.
A primeira mesa debateu o tema "Ações de combate ao racismo e de resgate da história dos negros" e foi mediada por Cleinaldo Lopes, secretário de Combate ao Racismo da CUT Maranhão. Os palestrantes foram José Inácio, deputado estadual do PT-MA; Jana, Gerson Pinheiro e Martius.
O secretário de Igualdade Racial do governo maranhense, Gerson Pinheiro, apresentou as ações de promoção da igualdade racial do governo que, segundo eles, estão reunidas em três programas: 1) Ações Afirmativas; 2) Maranhão Quilombola; e, 3) Matriz Africana.
Já o deputado Zé Inácio, autor da Lei que instituiu feriado estadual no dia da consciência negra, relatou o trabalho em parceria com o governo do Maranhão para ampliar as conquistas no âmbito da promoção da igualdade racial, como instituição de cotas para concursos públicos do legislativo.
Martius das Chagas fez uma exposição sobre o impacto positivo das políticas sociais e do processo de valorização do salário mínimo na vida do povo negro durante os governos do PT, destacando dados como o aumento do acesso ao ensino superior por jovens negros na ordem de 268%.
No entanto, chamou a atenção para o fato de que esses esforços não foram suficientes para combater o racismo e suas mazelas. O exemplo mais gritante disso é a violência que atinge a população negra, com crescimento da taxa de homicídios de negros em 18,2% - de cada 100 homicídios no Brasil, 71 vítimas são negras.
Um verdadeiro genocídio, que possui ainda outra face - o genocídio em vida, em forma de encarceramento, uma vez que dois em cada três presos no País são negros. Dessa forma, a principal questão do palestrante para reflexão foi: que tipo de política pública falta para superar essa realidade?
Jana Silverman, da Solidarity Center, falou sobre a realidade dos negros e negras nos
Estados Unidos, onde impera a desigualdade, o racismo e a violência contra negros e outras etnias, especialmente refugiados, que aumentou no governo do presidente Donald Trump. Ela destacou a situação na Síria e disse que se o governo americano estivesse preocupado com o povo sírio não teria negado abrigo a refugiados daquele país.
A tarde da quarta (17) e a manhã da quinta-feira (18) foram reservadas para a Exposição Dialogada com a Universidade Federal do Maranhão com o tema central do evento “A abolição inacabada – 130 anos e a permanência do racismo”.
A coordenação dos temas coube ao docente do curso Licenciatura Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-Brasileiros, professor doutor Carlos Benedito Rodrigues da Silva.
Para fechar a atividade, os participantes construíram um plano de ação visando as ações para dentro e fora do movimento sindical, assim como a luta para as eleições de 2018, respaldando Lula como o candidato a Presidente que está de acordo aos anseios da população negra.
Para fechar a atividade os participantes puderam conhecer o Museu do Reggae, segundo museu do mundo com essa temática e o primeiro no Brasil e visitar uma comunidade Quilombola.