Escrito por: CUT
Livro denuncia assassinatos e desaparecimentos em massa
Como parte da campanha internacional de solidariedade à nação maia, será lançado nesta terça-feira (23), em São Paulo, o livro A CIA contra a Guatemala: movimentos sociais, mídia e desinformação (Editora Papiro, 160 páginas, selo Barão de Itararé), do assessor de Relações Internacionais da CUT, Leonardo Wexell Severo. Com fotos de Joka Madruga e apresentação do veterano jornalista Paulo Cannabrava, a obra denuncia os abusos contra os direitos humanos e as perseguições antissindicais, que têm sido a tônica de décadas de governos submissos a Washington. A ação contra a liberdade de organização dos trabalhadores tem repercutido nos salários brutalmente arrochados, nos direitos precarizados e no índice insignificante de sindicalização de 2,2%, reduzida a 1,6% no setor privado.
A secretária executiva da Rede Brasileira pela Integração dos Povos (Rebrip) e coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Rosane Bertotti, destaca a relevância do livro para uma melhor compreensão da importância da unidade latino-americana e da própria conjuntura. “Com esta contundente descrição dos crimes praticados pelos monopólios de mídia, assim como de seus vínculos com o que há de mais reacionário e entreguista, Leonardo Severo dá mais uma valiosa contribuição ao movimento pela democratização da comunicação”, assinala.
Para João Felicio, presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI) e membro da executiva nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), “este é um livro denúncia, que conclama à luta contra a desmemória e demonstra como a ingerência da CIA e das transnacionais tem representado um duro golpe para a democracia e para a classe trabalhadora na Guatemala”. “Para pôr um ponto final nesses crimes e perseguições, é hora de ampliar a solidariedade do movimento sindical brasileiro e internacional em defesa da vida e dos direitos humanos dos trabalhadores guatemaltecos. Não podemos compactuar com a impunidade, que é uma prática de governos autoritários que atentam contra a liberdade”, sublinha.
“Pouco sabemos e pouco acompanhamos a vida dos povos, nossos irmãos, latinos. Poucos sabem que na Guatemala houve centenas de milhares de assassinatos e desaparecimentos em 30 anos de ditadura militar. Felizmente, Leonardo Severo traz uma bela contribuição na forma de reportagem para que a militância dos movimentos populares brasileiros conheça mais e tenha admiração pelo heroico povo guatemalteco, lutador e insubmisso”, acrescenta João Pedro Stédile, da coordenação do MST.
MORTICÍNIO - Com artigos e reportagens sobre a atualidade guatemalteca, o livro faz uma análise histórica da violenta intervenção estadunidense no país, que se deu em função dos interesses da multinacional bananeira United Fruit Company. Impulsionada pela Frutera, a CIA foi acionada para derrubar o governo democrático de Jacobo Árbenz em 1954, o que teve trágicas consequências não só para o país, como para toda a América Latina. Superadas longas décadas de ditadura, que deixaram um saldo de mais de 250 mil mortos e desaparecidos, o país segue sendo governado conforme os interesses de Washington.
LEITURA OBRIGATÓRIA - “Dizer ‘de Guatemala para Guatepeor’ não é nenhuma piada de mau gosto. É a realidade dessa terra que se pode conhecer através das reportagens agora publicadas neste livro, de leitura obrigatória para todos”, afirma o veterano jornalista Paulo Cannabrava Filho, coordenador da equipe de edição dos Cadernos do Terceiro Mundo, que faz a apresentação da obra.
Editor do Brasil de Fato, Nilton Viana considera que “o livro do jornalista e companheiro Leonardo Severo é um importante registro das lutas dos trabalhadores na Guatemala frente aos crimes do imperialismo estadunidense e de suas elites colonizadas”. “No relato das práticas antissindicais e das blindagens às sucessivas ditaduras militares, Severo demonstra como a mídia capitalista age contra nações soberanas”, frisa Nilton.
Na avaliação do diretor de redação da Hora do Povo, Carlos Lopes, “este é um livro para se chegar a conclusão oposta à de Georges Arnaud em ‘O Salário do Medo’ (A Guatemala não existe: eu estive lá). A Guatemala existe em sua sofrida e irredutível História - se fosse preciso alguma prova, alguma outra mais, aqui estaria esse livro candente”.
“Para este mundo ficar bom, é preciso fazer outro. Sintonizado com esta máxima do Barão de Itararé, Leonardo Severo distribui novas armas para a batalha de ideias", conclui Altamiro Borges, presidente do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé.
SOBRE O AUTOR - Leonardo Wexell Severo é assessor de Relações Internacionais da CUT, colaborador do Brasil de Fato e redator-especial da Hora do Povo. Pós-graduado em Política Internacional, é autor de Bolívia nas ruas e urnas contra o imperialismo (2008) e Latifúndio Midiota, crimes, crises e trapaças (2012).
QUANDO – Terça-feira (23 de junho), das 18h30 às 21h30.
ONDE – Livraria Martins Fontes, avenida Paulista, 509 – próximo ao metrô Brigadeiro.