A economia do país parou, freada pela incompetência do governo
E o governo, o real responsável pelo caos, nada faz além de anunciar medidas como "contingenciamentos", privatizações e a pior delas: a reforma da Previdência, que só conduzirá o Brasil a um enorme retrocesso
Publicado: 10 Junho, 2019 - 11h59 | Última modificação: 10 Junho, 2019 - 12h19
Escrito por: Vagner Freitas, presidente Nacional da CUT
As condições de vida no Brasil atingiram níveis insustentáveis em menos de seis meses de governo Jair Bolsonaro. O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro caiu 0,2% no 1º trimestre deste ano em relação ao 4º trimestre de 2018. Parece pouco para a maioria de olhar leigo, mas a persistir esse ritmo de queda, somente em 2023 a economia do País retornará aos patamares registrados no pré-2015, um desempenho econômico dos mais lentos do mundo, ou seja, o que estava ruim entre 2015 e 2018 está ficando ainda pior.
A frieza dos números e estatísticas que escancaram a paralisia da economia se refletem no pessimismo dos atores econômicos e na desesperança dos brasileiros, inclusive aqueles que votaram no atual governo. De todos os ângulos é visível e inegável que a economia do País parou. Os cortes de verbas e de investimentos reduziram ainda mais o poder de compra das famílias no geral e, em especial, das de baixa renda, impactando negativamente o emprego e a geração de renda. Em diferentes setores da economia, estruturas e atividades são reduzidas ou encerradas, levando milhões de trabalhadores a sentir a dor e a agonia do desemprego e do desalento.
Justamente o consumo das famílias e investimentos em desaceleração formam a principal causa dessa piora, reforçada por uma cena externa negativa às exportações. Trata-se de um cenário de estagnação com risco de se transformar em recessão.
E o que faz o governo, o real responsável por esse caos? Nada, além de anunciar medidas como "contingenciamentos", privatizações e a pior delas: a reforma da Previdência, que só conduzirá o Brasil a um caos e retrocesso ainda maiores.
São tantos cortes e ataques a programas exitosos implementados entre 2003 e 2015 que o governo chega a passar a ideia de que seu mandatário não ficará muito tempo no poder e quer apressar a venda das riquezas para, dessa forma, cumprir compromissos assumidos com seus apoiadores de campanha. Por conta disso, o voto em Bolsonaro tem-se comprovado o desastre que o campo progressista já havia previsto e prenunciado na campanha.
Nesse contexto sem esperança nem perspectiva, a fome tem retornado ao cotidiano de milhares de famílias em todo o território brasileiro, muitas das quais já não têm uma casa para viver, restando a elas as ruas. Sem qualquer sensibilidade social e movido pelo desdém aos estratos sociais que considera indesejáveis, o governo, além de cortar orçamento de programas de proteção social, incentiva uma postura policial ainda mais violenta.
Não há um só dia sem que se anuncie cortes e ataques aos sonhos e objetivos do povo, o mais recente atingiu em cheio a nossa juventude, com o "confisco" de verbas da educação, pilar do futuro do País. Com isso, Bolsonaro não só paralisa a economia mas interrompe e compromete o avanço cidadão e civilizatório.
Torna incontáveis as perdas sociais. A maior perda, porém, está nas mãos do Congresso Nacional: é a proposta da reforma previdência que representa a destruição do sistema previdenciário e de seguridade social, e não somente o fim da aposentadoria. O regime de capitalização colocado na proposta em substituição ao de repartição simples e solidária vai beneficiar apenas os banqueiros. Fracassou em seis de cada dez países onde foi implementado, e o trabalhador foi quem pagou a conta.
Não deixaremos, porém, que esse cenário se repita no Brasil.
A CUT, de forma unitária com as demais centrais sindicais, e aliada aos movimentos sociais e democráticos convocou e organiza a greve geral com certeza, colhida nas ruas, de que contará com todos os homens e mulheres deste País que pensam no seu futuro e no de seus filhos e filhas.
Na próxima sexta-feira, 14 de junho, faremos uma grande greve geral contra a reforma da Previdência, por nossos direitos e por empregos. Vamos parar o Brasil para tirar o Brasil da paralisia. À Luta.
Artigo publicado no Brasil247