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A educação é uma ferramenta poderosa para combater o racismo, diz dirigente da CUT

Júlia Nogueira, secretária nacional de Combate ao Racismo, fala da atuação da CUT no Mês da Consciência Negra e sobre a Marcha das Mulheres Negras e da 5ª Conapir, que ocorrerão no ano que vem

Publicado: 01 Novembro, 2024 - 09h26 | Última modificação: 01 Novembro, 2024 - 15h01

Escrito por: Walber Pinto | Editado por: Rosely Rocha

Edson Rimonatto/CUT
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É no dia 20 de novembro que se celebra o Dia Nacional da Consciência Negra e para marcar a data a secretária nacional de Combate ao Racismo da CUT, Maria Júlia Nogueira, fala da agenda de todo o mês dedicado ao combate ao racismo e sobre o papel do Estado e do movimento sindical sobre o tema.

Para a dirigente “a educação é uma das principais ferramentas contra a discriminação racial e em favor da inclusão pessoal, cultural e social da população negra”. Segundo ela, a educação é o pilar para mudar a mentalidade, sensibilizar e mudar a cultura patriarcal, racista e capitalista imposta pela sociedade do país.

Outro eixo importante é a saúde, que por conta do racismo, a população negra tem uma desvantagem em obter direitos básicos, dificultando um tratamento adequado e acesso a medicamentos.

Júlia também faz um balanço das lutas antirracista no Brasil e da participação da Central na Marcha das Mulheres Negras e da 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir), em 2025.

Confira a entrevista

Qual é a estratégia de luta ou ação que você acredita ser mais efetiva contra o racismo no Brasil?

Júlia Nogueira: Penso que, para combater efetivamente o racismo no Brasil, ele passa fundamentalmente pela educação. A Lei 10.639, sancionada pelo presidente Lula em 2003, é uma ferramenta poderosa para combater o racismo, considerando que essa lei alterou as bases curriculares da educação inserindo no currículo a história da África e dos afrodescendentes. Isso vai fazer com que nossas crianças, adolescentes e jovens entendam que a cor da pele não pode ser motivo para discriminar alguém.

Como a CUT e o movimento sindical têm atuado na luta antirracista no país? 

Júlia Nogueira: O movimento sindical CUTista tem buscado ter uma atuação, em parceria com o movimento negro do país, de trabalhar de forma articulada para combater o racismo. Isso é fundamental porque as lutas são essenciais para combater esse racismo. Nós na CUT já levantamos e precisamos fazer uma atualização de quais sindicatos já possuem qualquer tipo de cláusula que busque fazer o enfrentamento ao racismo, evitando que trabalhadoras e trabalhadoras sejam discriminados em razão da cor da pele.

Por que lutar contra a morte de jovens negros é uma estratégia de luta para a comunidade negra?

Júlia Nogueira : O racismo tem várias faces, e uma delas é a abordagem policial que, infelizmente, ocorre muito no país, onde pessoas pretas são abordadas de forma violenta, e são posteriormente encarceradas. Isso tira das ruas, da luta os jovens negros e negras. Então precisamos ter de assumir a campanha Juventude Negra Viva porque lugar de jovem negro é na escola, é no trabalho e não nas prisões.

Esse ano o feriado de 20 de novembro será nacional, depois de várias lutas históricas e reivindicações do movimento negro. Por que é importante um feriado nacional para falar deste tema?

Júlia Nogueira: O feriado nacional de 20 de novembro é uma reivindicação histórica do movimento negro. Vale destacar o Dia Nacional da Consciência Negra que homenageia um dos maiores heróis negros desse país que é Zumbi dos Palmares, que consolidou a sua história e a sua luta no quilombo dos Palmares.

Em novembro de 2025 teremos mais uma edição da Marcha das Mulheres Negras, quais serão as bandeiras de luta e como a CUT se prepara para a marcha?

Júlia Nogueira: Nos próximos dias 21 e 22 de novembro deste ano a CUT estará reunindo seu coletivo nacional, com representação dos estados e dos ramos, onde iremos discutir e planejar as ações da CUT para sua participação e intervenção na segunda edição da Marcha das Mulheres Negras, que ocorrerá em novembro de 2025 em Brasília.

Em julho do ano que vem teremos a V Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, como a CUT se prepara para essa conferência?

Júlia Nogueira: Nessa mesma reunião do coletivo dos dias 21 e 22 iremos de forma coletiva pensar quais as ações que a CUT vai propor durante a 5ª CONAPIR, que trata democracia e reparação racial como o eixo principal dessa conferência. Então é fundamental também que nesta reunião do coletivo nós possamos pensar e estabelecer as ações prioritárias, evidentemente que vinculadas ao mundo do trabalho que a CUT vai propor na conferência.

Feriado Nacional em 20 de novembro

O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra é um feriado nacional. O presidente Lula (PT) sancionou no fim de 2023 o projeto de lei que tornou o dia 20 de novembro um feriado em todo território nacional.

Antes, a data era feriado apenas em seis estados: Mato Grosso, Rio de Janeiro, Alagoas, Amazonas, Amapá e São Paulo.

Em 2011, a então presidente Dilma Rousseff (PT) oficializou o 20 de novembro como Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.