A ligação da família Bolsonaro com milicianos é antiga e tem vários elos
A Operação Intocáveis escancarou o que todo mundo sabia: a relação entre os Bolsonaros e a milícia do Rio não ficou só nas homenagens, entrega de medalhas e elogios ao trabalho dos criminosos
Publicado: 23 Janeiro, 2019 - 11h13 | Última modificação: 23 Janeiro, 2019 - 11h30
Escrito por: Redação CUT
A Operação ‘Intocáveis’, do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), que prendeu, nesta terça-feira (22), milicianos acusados de explorar o ramo imobiliário em Rio das Pedras com ações violentas e assassinatos, escancarou os elos entre o clã Bolsonaro e milicianos do Rio de Janeiro. Mas, a proximidade da família com o crime organizado não é novidade, como mostra o repórter Eduardo Miranda, do Brasil de Fato.
Além de empregar a mãe e a mulher do chefe da milícia de Rio das Pedras, na zona Oeste do Rio de Janeiro, em seu gabinete quando atuou como deputado na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), o senador eleitor Flávio Bolsonaro (PSL) já apareceu publicamente em algumas fotos ao lado de outros criminosos de comunidades fluminenses.
Em agosto do ano passado, na operação "Quarto Elemento", que teve como alvo policiais acusados de praticar crimes como extorsão, estavam entre os presos os PMs e irmãos gêmeos Alan e Alex Rodrigues Oliveira. Os dois policiais são irmãos de Valdenice de Oliveira, tesoureira do PSL e assessora da liderança do partido na Alerj.
À época, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Flávio negou que os gêmeos integrassem sua campanha eleitoral. Mas a assessora e irmã dos PMs revelou que os dois trabalhavam voluntariamente. Logo em seguida, veio à tona nas redes sociais uma imagem em que o presidente Jair Bolsonaro, ainda como deputado federal, e Flávio participam de uma festa de aniversário dos gêmeos.
Durante mandato como deputado, Flávio propôs via projeto de lei a regulamentação das “polícias mineiras”, um dos nomes para a milícia. Jair Bolsonaro, por sua vez, sempre fez apologia à tortura na ditadura militar e disse que grupos de extermínio no Rio de Janeiro seriam “bem-vindos”.
Tanto Flávio quanto o pai nunca esconderam o, digamos, respeito as ações das milícias cariocas.
Em 2008, na ALERJ, durante a votação para instauração da CPI das milícias, após dois repórteres do jornal O DIA serem barbaramente torturados por milicianos na Favela do Batan, Flávio disse coisas, como “sempre que ouço relatos de pessoas que residem nessas comunidades, supostamente dominadas por milicianos, não raro é constatada a FELICIDADE dessas pessoas que antes tinham que se submeter à escravidão, a uma imposição hedionda por parte dos traficantes e que agora pelo menos dispõem dessa garantia, desse direito constitucional, que é a SEGURANÇA PÚBLICA”.
Flávio Bolsonaro foi o único dos 70 deputados da ALERJ que votou contra a CPI dos Autos de Resistência, que visa apurar possíveis fraudes nas mortes perpetradas por policiais. A CPI surgiu após um vídeo mostrar PMs mexendo na cena do homicídio de um homem na favela da Providência, na Zona Norte do Rio. As imagens mostram os policiais colocando uma arma na mão de dele após ser assassinado;
Quanto a Jair Bolsonaro, durante a campanha presidencial defendeu milícias que atuam no Rio dizendo que “naquela região onde a milícia é paga, não tem violência”;
Não custa lembrar também que dois candidatos do partido de Bolsonaro, o PSL, quebraram uma placa de homenagem à vereadora Marielle Franco, do PSOL, e posaram sorrindo, junto ao então candidato ao governo do Rio Wilson Witzel, que acabou sendo eleito. Flávio Bolsonaro defendeu a atitude dizendo que a "placa era ilegal".