Escrito por: Luiz Carvalho
Secretária de Mulheres da Central, Junéia Batista, destaca frentes de atuação das trabalhadoras para os próximos anos
Paralela à programação oficial dos Congressos da CUT, os vários grupos que compõem a Central aproveitam a presença de trabalhadores e trabalhadoras para se reunir e discutir ideias que desejam ver avançar nas instâncias da maior organização sindical da América Latina. Foi o que o Coletivo de Mulheres da CUT fez, nesta sexta-feira (20).
Após a conquista da paridade, em 2012, no qual as mulheres ocupam metade do quadro da direção, agora as mulheres cutistas lutam para que ocupar espaços qualificados de poder. Não basta estar na direção é preciso ocupar cargos de decisão, aponta a Secretária de Mulheres da CUT, Junéia Batista.
A dirigente, que exerce o seu último mandato neste congresso, aponta que a cultura do machismo está mudando dentro da instância, apesar de ainda se fazer presente.
“O primeiro congresso do qual participei foi em 1991 e eu acredito que muita coisa mudou. Mas ainda é preciso avançar”, diz.
Junéia lembra que a paridade entre gêneros, aprovada em 2012 e aplicada nas direções a partir 2015, abriu espaço para as dirigentes. “Em nosso encontro nacional das mulheres da CUT, eu pedi para levantarem a mão quem estava pela primeira vez e quase 50% se apresentou. Muitas jovens, muitas caras novas que nunca tinham visto um congresso e estavam encantadas com a história que contávamos, e nós com as histórias de luta que trouxeram”, diz.
Essas caras novas, ressalta, são resultado do trabalho de lideranças, como Junéia, que também abriram espaço e ousaram enfrentar o protagonismo masculino. “Eu estou aqui porque alguém que estava antes de mim me permitiu estar aqui. Aqui hoje estão Maria Ednalva (primeira secretaria nacional de Mulheres da CUT), Luci Paulino (ex-coordenadora da Comissão Nacional sobre a Mulher Trabalhadora)”, resgatou.
Dentre os desafios para além dos quadros da CUT, a secretária destaca que a formalização e o combate ao preconceito são temas que devem estar na pauta de toda a classe trabalhadora, principalmente após dois grandes impactos sociais mundiais, a pandemia de Covid-19 e as guerras que a sucederam.
Diante das fragilidades trazidas por esses movimentos, a expectativa é que temas essenciais como o combate ao machismo e à LGBTQIfobia fiquem em segundo plano e caberá aos movimentos sindical e sociais lutarem para garantir a democracia e a igualdade.
Para isso, destaca, é necessário investir em educação e dentro do movimento sindical isso significa investir em qualificação nas bases.
“Nós vamos ter que trabalhar a formação política. Eu sou fruto disso dentro da CUT, quando eu entro, em 1989, um ano depois eu já passo por esse processo. Eu sei de onde eu venho, eu sei pra onde eu sempre voltarei. Quero voltar pra minha base, para o meu sindicato, continuar construindo a organização da classe trabalhadora. Porque quando a gente pensa, quando é que a gente vai mudar essa CUT aqui? É quando uma mulher segurar a mão da outra, todas juntas”, finaliza.