'A primeira medalha da ginástica é de uma negra'", diz Daiane dos Santos emocionada
"Isso é muito importante. Diziam que a gente não podia estar nesses lugares", disse Daiane sobre a prata olímpica conquistada por Rebeca Andrade
Publicado: 29 Julho, 2021 - 15h26 | Última modificação: 29 Julho, 2021 - 17h22
Escrito por: Redação CUT
Vítima do preconceito e do racismo estrutural que impera no Brasil e no mundo, a ex-ginasta Daiane dos Santos se emocionou com a conquista de Rebeca Andrade, "a menina negra" que ganhou a primeira medalha olímpica do país na modalidade - Rebeca ganhou a medalha de prata na manhã desta quinta-feira (29) nas Olimpíadas de Tóquio, no Japão.
“A primeira medalha do Brasil num Mundial de Ginástica foi negra, tem uma representatividade muito grande por trás disso. Uma menina que veio de uma origem muito humilde, filha da dona Rosa, mãe solo. Isso é muito importante. Diziam que a gente não podia estar nesses lugares”, disse Daiane dos Santos.
Recentemente, Daiane revelou que foi alvo de racismo na Seleção. "Comigo, houve situações na seleção, nos clubes, de pessoas que não queriam ficar perto, que não queriam usar o mesmo banheiro! Aquele tipo de coisa que nos faz pensar: opa, voltamos à segregação. Banheiros para brancos e banheiros para pessoas de cor. Teve muito isso dentro da seleção. E além da questão da raça, tem a questão de vir do sul, de não ser do centro do país, de ter origem humilde. Ou seja: ela é tudo o que a gente não queria aqui", disse.
Confira no vídeo abaixo:
“A primeira medalha do Brasil num Mundial de Ginástica foi negra. A primeira medalha do Brasil na Ginástica feminina foi negra. Isso é muito importante. Diziam que a gente não podia estar nesses lugares”.
— dibradoras (@dibradoras) July 29, 2021
A emoção da Daiane dos Santos dá a dimensão do feito da Rebeca. pic.twitter.com/3VuGivVVt7
Daiane dos Santos também participou do Encontro da TV Globo e comentou que está muito feliz por ser a inspiração de Rebeca e por ter aberto portas para muitas ginastas. "É muito bom a gente poder ver que tudo o que a gente faz não é só para nós."
A ex-ginasta também reforçou a maturidade que Rebeca conquistou nos últimos anos. "Essa foi a grande diferença da Rebeca de 2016 para a de hoje. Nós falamos que temos que comemorar cada vitória e eu senti isso nela. Era para acontecer, era para ser ela."