MENU

Secundarista diz que PEC 55 é retrocesso na educação pública

Em seminário de formação da CUT, Ana Júlia criticou a repressão da polícia aos estudantes

Publicado: 07 Dezembro, 2016 - 19h19 | Última modificação: 09 Dezembro, 2016 - 12h23

Escrito por: Walber Pinto, de Florianópolis

Herminio Nunes
notice

Na tarde desta quarta-feira, 7, a voz dos estudantes secundaristas Ana Júlia Ribeiro, profissionais da educação e juventude participaram do seminário “Educação e o Mundo do Trabalho” da secretaria de Formação da CUT, em Florianópolis.

Ana Júlia, de 16 anos, ficou conhecida nacionalmente ao discursar na tribuna da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), em Curitiba, em defesa do movimento da ocupação das escolas públicas no país. Ao participar do seminário, ela criticou a repressão da polícia de Brasília na manifestação contra a PEC 55 no último dia 29.

“Os estudantes de toda parte do Brasil foram à capital federal protestar contra a PEC e fomos impedidos de nos manifestar, pois a polícia agiu de uma forma que não dá para aceitar. Não vi essa repressão no ato do dia 4 da direita”, disse, lembrando ainda que a aprovação da PEC será uma marca do retrocesso na educação pública.

A secundarista ressaltou também que as ocupações que tomaram conta do país foi uma resposta ao governo que tenta criminalizar o movimento estudantil. “Foi na ocupação que vimos a possibilidade de mostrar nosso protesto porque ninguém estava nos ouvindo. O movimento vem da periferia de São Paulo que ocupou as escolas no final de 2015, foi lá que começou”.

Educação Integral dos Trabalhadores e Trabalhadoras

A professora da Universidade Federal de Rio Grande do Sul (UFGS), Maria Clara Bueno, encerrou a última mesa apresentando estratégia de luta e resistência em defesa da educação integral dos trabalhadores. Ela aponta que o desafio do movimento sindical é considerar no processo de formação a diversidade de gênero.

“É necessário considerar, compreender quais setores serão envolvidos e de que forma serão envolvidos no processo formativo proposto. A palavra ação, quando se nomeia algo, se atribui responsabilidade sobre o objeto nomeado, como disse Paulo Freire”, diz a professora. De acordo com ela, a CUT tem construído sua política de formação e ação que atinge uma parcela da classe trabalhadora.

“A formação tem um lugar autônomo, mesmo dentro do processo de produção da central. O Lugar da educação é complexo e tenso dentro dos movimentos. Logo, é um lugar de distanciamento necessário para o processo de formativo”, reafirma.

A exposição sobre o cenário das políticas públicas de educação e trabalho na perspectiva do trabalhador ficou por conta do representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo, José Ribamar, da Confederação Nacional dos Transportes em Estabelecimentos de Ensino (CONTEE) e Alex, da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (CONFETAM).

Veja as principais falas dos dirigentes.

“As entidades de ensino superior estão passando por um processo de centralização, com a formação de grandes grupos empresariais, alguns com ações negociadas na bolsa de valores” - José Ribamar Barroso.

“Atualmente a educação é reduzida ao treinamento de trabalho simples. A avaliação externa tira da responsabilidade dos professores na avaliação dos alunos" – Alex

“Os valores sociais, ordem social e ordem econômica são os fundamentos que informam o enquadramento específico que tem a educação e o trabalho em nosso país. E indica a distância entre o que está “escrito” e o que estão implementado” na realidade” - Heleno Araújo.