Escrito por: Redação CUT

Abraham Weintraub é demitido e deixa o Ministério da Educação

“O importante é dizer que recebi o convite para ser diretor de um banco, já fui diretor de um banco no passado”, destacou o ex-ministro

Marcelo Camargo/ABR

 Como já era esperado, Abraham Weintraub foi demitido hoje (18). O próprio ex-ministro comunicou a demissão por meio de sua conta no Twitter. “Eu estou saindo do MEC, vou começar a transição agora e nos próximos dias eu passo o bastão para o ministro que vai ficar no meu lugar, interino ou definitivo. Neste momento, não quero discutir os motivos da minha saída, não cabe. O importante é dizer que recebi o convite para ser diretor de um banco, já fui diretor de um banco no passado, volto ao mesmo cargo, porém no Banco Mundial”, disse.

Peça tática de um governo que aposta no caos para sobreviver, Weintraub estava longe de ser um ministro da Educação. Sua demissão já vinha sendo cogitada pelo Planalto, como forma de melhorar o relacionamento entre o governo e o Supremo Tribunal Federal (STF). Na reunião da cúpula do Executivo de 22 de abril, Weintraub disse que, por ele, mandava prender “os vagabundos” do STF.

E repetiu a fala no último domingo (14), quando se encontrou, na Esplanada dos Ministérios, com apoiadores do governo. O grupo, que na noite anterior havia simulado um bombardeio contra o prédio do STF, disparando fogos de artificio, furou o bloqueio colocado pelo governo do Distrito Federal. Na aglomeração que provocou, o agora ex-ministro estava sem máscara para evitar o contágio pelo novo coronavírus, razão pela qual foi multado.

Na quarta-feira (17), o STF decidiu, por 9 a 1, indeferir o habeas corpus impetrado pelo ministro da Justiça, André Mendonça, em favor de Weintraub, que segue sob a investigação que apura ameaças, ofensas e fake news disparadas contra integrantes da Corte e seus familiares.

O habeas corpus também beneficiava outros investigados no inquérito das fake news – empresários, blogueiros e ativistas que foram alvo de ofensiva da Polícia Federal recentemente.

Weintraub é investigado pela Polícia Federal em um processo autorizado pelo ministro do STF Celso de Mello, no final de abril. No início daquele mês, Weintraub atacou a China por meio de uma postagem xenófoba publicada no Twitter. No post, apagada devido à repercussão negativa, o ex-ministro reproduziu foto de capa de um gibi especial da Turma da Mônica e escreveu que o país oriental deveria sair “relativamente fortalecido” da crise do coronavírus, o que isso,na avaliação dele, indicaria planos chineses de “dominar o mundo”.

Mandato polêmico

 

Balbúrbia nas universidades

Em abril de 2019, logo que assumiu o ministério, Weintraub anunciou corte de recursos em universidades federais que não apresentassem o “desempenho esperado” e que, em vez disso, fizessem “balbúrdia“. A princípio, os alvos seriam a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA). 

Em dois dias, porém, disse que o corte seria em todas universidades federais. Houve contingenciamento também no ensino básico e em pós-graduação. Contra o congelamento, houve grandes manifestações em praticamente todo o país.

Os zeros

No começo de maio, divulgou em suas redes sociais foto em que indicava marcas de um ferimento no ombro, causado por um acidente. Era seu jeito de responder a imagens que circularam nas redes sociais, mostrando seu boletim durante o seu primeiro ano de graduação no curso de Ciências Econômicas na Universidade de São Paulo (USP). O documento mostrava notas zero em Introdução à Economia, História Econômica Geral e Introdução à Sociologia.

Kafta

Em sabatina na Comissão de Educação do Senado, em 7 de maio de 2019, ele quis citar o autor de A Metamorfose e de O Processo, o tcheco Franz Kafka. Mas confundiu com o nome da comida árabe chamada kafta.

“Imprecionante”

Weintraub ganhou destaque também por seus erros de ortografia, demonstrando conhecimento limitado da língua portuguesa – o que chama mais ainda a atenção por se tratar de um ministro da Educação. Em agosto de 2019, escreveu “suspenção” e “paralização” em ofício ao ministro da Economia, Paulo Guedes. No começo de janeiro, escreveu “imprecionante” em seu Twitter.

Enem e Sisu

Entre o final de 2019 e começo de 2020, o ministro viveu seu inferno astral. No primeiro dia da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em 3 de novembro, houve vazamento do tema da redação minutos após o início o teste. Assim que o resultado individual do Enem foi divulgado, candidatos suspeitaram de problemas nas notas – o que foi confirmado no dia seguinte. Passados dois dias, a pasta falou em erro ocorrido na gráfica: quase 6 mil estudantes prejudicados.

 

Agradeço a todos de coração, em especial ao Presidente @jairbolsonaro
O melhor Presidente do Brasil!
LIBERDADE!https://t.co/zYLGh4hntI

— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) June 18, 2020