Escrito por: Andre Accarini
Rodrigo Mussi não usava o cinto de segurança e teve traumatismo craniano. Motorista do 99 dormiu no volante chamando a atenção também para as péssimas condições de trabalho da categoria
O grave acidente com o ex-BBB Rodrigo Mussi causou comoção entre os fãs, virou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais e acendeu o alerta para a importância do uso do cinto de segurança, inclusive para quem anda no banco de trás dos veículos e, também, para as longas jornadas e más condições de trabalho dos motoristas de aplicativos.
Rodrigo estava no banco traseiro, sem cinto de segurança, em um táxi do aplicativo 99, quando o motorista, que provavelmente dormiu ao volante, bateu na traseira de um caminhão, na madrugada do dia 31 de março, em São Paulo. O ex-BBB foi arremessado para fora do carro pelo para-brisa, sofreu traumatismo craniano, entre outros traumas e hematomas, fez duas cirurgias e só começou a acordar do coma nesta quarta (6).
O cinto poderia ter evitado o traumatismo craniano, o coma e eventuais sequelas por causa dos ferimentos, dizem os especialistas em segurança de trânsito.
“O cinto de segurança, de fato, respalda, resguarda vidas”, afirma Rafael Mandatte, do Sindicato dos Agentes Viários de São Paulo (Sindviários), que defende o uso do equipamento por todos os ocupantes dos veículos. “Isso deveria ser algo automático”, diz.
“Como agente de trânsito há 23 anos, já vi acidentes gravíssimos. Em uma colisão, um capotamento, o passageiro acaba sendo o peso que vai empurrar os demais passageiros. E, geralmente os casos de lesões são graves e até fatais”, diz Rafael, complementando: “O cinto pode salvar a vida da pessoa e das que estão ao lado”.
O cantor Cristiano Araújo, morto em 2015, em um acidente na BR 153, além de sua companheira Allana de Moraes, também não usava o cinto de segurança, quando houve a colisão, lembra Rafael citando outra tragédia envolvendo famosos.
Assim como Mussi, o cantor e a namorada foram arremessados para fora da perua Range Rover, após o motorista perder o controle, sair da pista e capotar.
O artigo 167 do Código Brasileiro de Trânsito determina que todos os passageiros devem usar cinto de segurança. Não usar o cinto é infração de trânsito grave e gera multa de R$ 195,23, além de cinco pontos na carteira, mas a maioria dos passageiros que andam nos bancos de trás só usa quando pega estrada.
“Nós não pensamos no valor quando fiscalizamos e aplicamos uma multa”, diz o agente de transito. “É uma ação para conscientizar as pessoas sobre a proteção à vida. Quando você usa o cinto, além de se resguardar, proteger sua vida, fica dentro da lei. Quando não usa, custa a multa e pode custar a vida”, enfatiza Rafael Mandatte.
Rodrigo Mussi participou da 22ª edição do BBB, que ainda está no ar, e foi o segundo eliminado este ano.
As péssimas condições de trablho dos motoristas de aplicativos
O acidente envolvendo Rodrigo Mussi reforça a importância de melhorar as condições de trabalho dos motoristas de aplicativos, que ganham pouco e para compensar se obrigam a fazer longas jornadas de trabalho.
O motorista do 99 táxi envolvido no acidente do ex-BBB, Kaíque Faustino Reis, de 24 anos, em depoimento à Polícia, admitiu ter dormido ao volante antes de bater o automóvel, na Marginal Pinheiros, em São Paulo.
O dirigente do Sindviários conta que já viu muitos acidentes envolvendo motoristas de aplicativos que têm jornadas prolongadas para poder ganhar um pouco mais dinheiro. “Acaba ocorrendo isso. Ele fica cansado e adormece, se desliga da realidade, dentro do carro. Com isso, expõe sua vida e as das pessoas ao risco”.
Para Rafael Mandatte, “as plataformas têm que mudar isso, valorizar o trabalhador, porque motorista de aplicativo não é máquina, também tem que descansar, tem que ser bem remunerado, com direitos, inclusive a um período justo de descanso”.
A repercussão do acidente com o ex-BBB levou a 99 a anunciar medidas de segurança, como não aceitar passageiros que se recusem a usar o cinto, mas nada de melhorar as condições de trabalho dos motoristas, um valor maior por cada corrida.
Eficácia
Um estudo feito no Estados Unidos, pela National Highway Traffic Safety Administration (a NHTSA), órgão semelhante à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), e responsável por dados relativos à segurança de trânsito do país, mostrou que o uso de cinto de segurança no banco traseiro pode reduzir em até 43% o número de mortes em casos de colisões ou outros sinistros.
Já uma pesquisa do Ministério da Saúde, em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que 50,2% da população afirmam sempre usar o cinto quando estão no banco traseiro de carro, van ou táxi.