Ações em todo o país denunciam as altas taxas de juros e pedem saída de Campos Neto
De 25 a 27, os Comitês Populares realizam mutirão em 14 estados com ações que denunciam o Brasil como o país com a maior taxa de juros do mundo
Publicado: 25 Agosto, 2023 - 12h20 | Última modificação: 25 Agosto, 2023 - 12h29
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Rosely Rocha
Os comitês populares, sindicatos, movimentos sociais e partidos de esquerda irão promover uma série de atividades contra as altas taxas de juros e pedirão o afastamento do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de sexta (25) a domingo (27), por todo o país.
O Mutirão dos Comitês Populares pretende discutir com a população as altas taxas de juros deixadas pelo governo Bolsonaro, que mesmo após a redução de 0,5% na última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, permanece como a mais alta entre todos os países do mundo, de 13,50%.
Durante os três dias serão realizadas ações como panfletagem em locais públicos, colagem de lambes e interações nas redes sociais para debater os impactos da taxa de juros e mobilizar a sociedade.
Participação da CUT
A CUT tem denunciado que a alta taxa de juros impede a retomada da economia e a geração de emprego e renda. A Central Única dos Trabalhadores tem ativamente promovido ações de esclarecimento junto à população sobre a necessidade da redução da Selic – taxa de referência para todas as operações financeiras do país que impactam diretamente no consumo, portanto, na produção e na geração de empregos - e se posicionado contra a permanência do atual presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
Na última reunião, em dois de agosto, do Comitê de Política Monetária (Copom), ligado ao BC, quando foi decidida a redução em apenas meio ponto percentual dos juros, a CUT em nota criticou esta decisão expondo os motivos pelos quais o país e todos os brasileiros e brasileiras perdem com a maior taxa de juros do mundo.
Leia mais: A reconstrução do Brasil exige uma forte redução da taxa Selic
Durante uma das manifestações em que a CUT participou, o presidente da entidade Sérgio Nobre, declarou que “os juros altos são a forma mais perversa e cruel de transferir renda dos mais pobres para os mais ricos” e explicou que “os juros estão embutidos nos produtos. Quando um trabalhador vai comprar uma geladeira, um fogão, ele não compra à vista. Ele financia e com os juros praticados, compra um, mas acaba pagando por três”, disse citando ainda outros impactos na vida do trabalhador como os juros do rotativo do cartão de crédito - mais de 400% ao ano.
Para a vice-presidenta da CUT Nacional e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramos Financeiro (Contraf-CUT, Juvandia Moreira, “os juros nos patamares atuais aumentam a dívida pública, pois elevam os gastos do governo com os títulos da dívida pública, e esse dinheiro poderia ser usado para investimento na infraestrutura do país, saúde e educação, setores necessários à população e que estimulam a atividade produtiva”.
“Os juros altos também deixam o crédito e o financiamento mais caros, o que aprofunda o endividamento das famílias, que acabam consumindo menos. Consumo baixo reduz a produção, porque as empresas não vendem, e se não vendem, demitem. Os juros precisam cair mais, para que a economia possa avançar”, defende. “Juro tão elevado assim é um claro boicote ao Brasil, que precisa retomar o crescimento e a justiça social”, completa a dirigente.
Os prejuízos com os juros altos e as pautas, que impactam negativamente a vida do trabalhador, também estão sendo denunciados nos 27 congressos estaduais da CUT- Cecuts. Nos dias do mutirão, nove CUTs estaduais realizarão seus congressos com a presença de milhares de trabalhadores. Nesses encontros a pauta dos juros altos fará parte dos debates e de atos políticos.
Desde julho, os estados vêm realizando seus encontros rumo ao congresso nacional da entidade, o 14º Concut, que celebra também os 40 anos da CUT, e realizando denúncias sobre as pautas que impactam negativamente a vida do trabalhador, como as altas taxas de juros.
Segundo Janeslei Albuquerque, Secretária Nacional de Mobilização e Relação com os Movimentos Sociais da CUT Nacional, os congressos têm sido um espaço para discutir com a base dos trabalhadores. “É importante ressaltar que nos 27 estados onde a CUT está organizada, vêm sendo tiradas moções e resoluções que indicam a intensificação da luta contra a violência de Campos Neto contra o Brasil e contra o povo brasileiro”, ressaltou.
Bancários na luta pela redução dos juros
Os bancários têm participado ativamente das mobilizações dos trabalhadores pela redução dos juros no Brasil. Durante as reuniões do Copom, a categoria participou dos atos, realizados em frente a todas as 10 sedes do BC espalhadas pelo país e em locais de grande circulação das grandes cidades.
“Por estar presente em praticamente todas as localidades do país e por sua capacidade de mobilização, a categoria bancária tem papel fundamental nessa luta”, afirmou o vice-presidente da Contraf-CUT, Vinícius Assumpção, coordenador dos Comitês de Luta dos Bancários.
Mobilizações têm apoio do PT
Segundo a Secretária Nacional de Mobilização do PT, Mariana Janeiro, a queda de 0,5% na taxa do Banco Central foi muito pequena para destravar a economia, e o título de maior taxa de juros é uma herança do governo Bolsonaro que precisa ser revertida pelo Banco Central.
“A gente precisa lembrar que essa política econômica de Bolsonaro, Paulo Guedes e Campos Neto foi derrotada por Lula nas urnas, e a reconstrução do Brasil exige uma grande redução da taxa de juros. Por isso os Comitês em todo o país irão realizar esse mutirão no final de semana”, explicou.
A dirigente do PT afirmou ainda que a taxa Selic deveria ser substancialmente menor há muito tempo, e ressaltou que a maior taxa de juros real do planeta tem sabotado a reconstrução do Brasil. “Eu e você, todo mundo, estamos pagando um preço muito alto por essa atuação bolsonarista de Campos Neto no Banco Central”, comentou. “Eu digo isso porque fica mais caro para a gente e também para as empresas, especialmente as pequenas.”
Ainda segundo Mariana, os Comitês Populares de Luta têm sido uma importante ferramenta de mobilização da sociedade, e agora, com Lula de volta à presidência, será necessário unificar forças para dar sustentação ao presidente em pautas centrais na reconstrução do país. “Os avanços nas pautas que a gente precisa só serão possíveis com muita unidade de ação, principalmente nas bases. E ela [a unidade] será ampliada através do trabalho dos Comitês Populares em todo o Brasil, realizando grandes mobilizações e formações políticas junto aos movimentos sociais e ao conjunto dos partidos de esquerda”, afirmou.
“Vamos mobilizar pelo Brasil o mutirão dos Comitês Populares para debater com o povo essa taxa alta de juros que esmaga a classe trabalhadora. Mobilize-se no comitê do qual você participa, ou organize um Comitê Popular de Luta e vamos juntos e juntas nesse mutirão para a economia crescer e os juros baixarem de verdade”, convocou Mariana.
Serviço
O que: Mutirão de luta contra os juros altos
Quando: 25 de julho até 27 de agosto
Onde: 14 estados confirmados (AL, AP, CE, ES, MG, MS, PA, PB, PE, RJ, RN, RR, SP e TO)
Organizadores: Comitês Populares e Frente Brasil Popular
*Com informações dos Comitês de Populares e Agência PT