MENU

Ações em todo país cobram auxílio emergencial de R$ 600 para viabilizar isolamento

Movimento “Renda Básica que Queremos” organiza dia nacional de luta nesta quinta-feira (18) e por auxílio emergencial de R$ 600

Publicado: 18 Março, 2021 - 09h07

Escrito por: Marcelo Santos - RBA

Reprodução
notice

O movimento ‘Renda Básica Que Queremos’, formado por cerca de 300 entidades e responsável pela campanha #AuxílioAtéoFimdaPandemia, promove nesta quinta-feira (18) um dia nacional de luta pela volta do auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia. Estão previstas manifestações em todo o país, como tuitaço e publicações nas redes sociais, colagem de cartazes, projeções em prédios e atos simbólicos. Entre as ações, serão instaladas panelas vazias e velas diante de espaços como sedes de prefeituras, câmaras de vereadores, igrejas e símbolos turísticos das cidades.

De acordo com a assistente social Paola Carvalho, diretora de relações institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica, o dia de protestos é uma forma de mobilizar as pessoas para a urgência do tema. “Essa PEC Emergencial colocou um teto de gasto de 44 bilhões para o auxílio emergencial em 2021. Isso num momento onde as mortes estão cada vez maiores e a vacinação e condições de hospitalização cada vez mais frágeis”. Os movimentos alertam que as principais regiões do país precisam de um lockdown, e sem auxílio emergencial essa forma de isolamento social não se viabiliza.

Paola explica que com o teto definido pela PEC – agora transformada em Emenda Constitucional (EC 109) –, um em cada quatro beneficiários ficarão de fora do auxílio emergencial deste ano. “Estamos falando de algo em torno de 17 milhões de brasileiros”. Ela contesta ainda o valor previsto das parcelas, que seria de R$ 250. O auxílio pode chegar a R$ 375 para mães solteiras e R$ 175 para uma pessoa sozinha.

“As pessoas me agradecem”

O ministro Paulo Guedes chegou a dizer, em uma entrevista ao portal de notícias jurídicas Jota, que é abordado e elogiado ao transitar pelas ruas. “Entro no mercado e as pessoas me agradecem”. Paola foi até um mercado para saber se há motivos para isso. Com R$ 250 no bolso, valor previsto do novo auxílio, ela tentou ver se é possível, ao menos, o básico. Comprou duas caixas de leite, cinco quilos de arroz. Dois pães para sanduíche, dois quilos de café, duas garrafas de óleo, três quilos de feijão, de farinha e açúcar. Comprou ainda um pote de margarina e dois quilos de carne moída. “Legumes, verduras e frutas ficaram de fora da lista. Para cozinhar, é necessário gás e um botijão não custa menos de R$ 90″.

Para Douglas Belchior, professor da Uneafro Brasil e membro da Coalizão Negra por Direitos, vivemos num estado de guerra, de barbárie onde pessoas morrem de fome. “A maioria do Congresso e o governo federal prefere manter políticas de morte e não de vida. Ou damos um fim no governo Bolsonaro ou ele dará fim ao Brasil”, analisa e conclui: “É desolador ver governos que não se importam com a vida dos mais pobres e não possuem políticas de combate à doença”.

Sem auxílio emergencial, “a coisa tá difícil”

Enquanto isso, famílias aguardam, em desespero, por ajuda. Não são poucas as mensagens recebidas por Paola e equipe. “A coisa tá difícil com os R$ 179 do bolsa família”, diz uma das mensagens ao pedir ajuda.

Segundo pesquisa do Datafolha, 53% dos que receberam as parcelas do auxílio emergencial no ano passado utilizou o valor para comprar alimentos. 25% pagou contas de consumo, como água e luz. 16% despesas da casa e 1% utilizou o recurso para comprar remédios.