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Acordo pode colocar indústria brasileira em xeque

Para presidente da CNM, acordo não pode desrespeitar direitos dos trabalhadores

Publicado: 09 Novembro, 2017 - 16h04 | Última modificação: 09 Novembro, 2017 - 16h29

Escrito por: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

CNM
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O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT, e vice-presidente dos Metalúrgicos do ABC, Paulo Cayres, o Paulão, participou da dis­cussão sobre o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.

A 64ª Plenária do Fórum Consultivo Econômico-Social do Mercosul, o FCES, foi realizada na segunda e terça, dias 6 e 7, em Brasília, com a participação de nego­ciadores dos dois blocos econômicos. O imposto de importações atual, de 35%, será zerado se o acordo for concretizado.

Os representantes dos trabalhadores no Fórum de quatro países integrantes do blo­co, Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina, protestaram contra a falta de transparência no processo de negociação do acordo.

“Reiteramos nossa posição de que nenhum acordo desrespeite os direitos dos trabalhadores. Lembramos que esta negociação entre Mercosul e União Eu­ropeia teve início há quase 20 anos e ficou congelada praticamente durante todo esse período”, contou Paulão.

“Agora querem aprovar o tratado de livre comércio a toque de caixa, sem con­sultar os trabalhadores e grande parte dos empresários dos países”, prosseguiu.

Os representantes ressaltaram no en­contro que a proposta precisa ser apreciada pelo Fórum Consultivo antes de ser enca­minhada pelo governo.

O dirigente afirmou que os trabalhado­res poderão pressionar os parlamentos dos quatro países a não apoiarem o acordo, já que há uma grande possibilidade de nova invasão de produtos importados no País, com queda de investimentos na indústria e fechamento de fábricas no Brasil.

“Não se pode colocar em risco os em­pregos, os direitos dos trabalhadores e os parques industriais dos países. Por isso, exigimos total transparência no processo”, reafirmou.

O FCES do Mercosul foi criado em 1996 e reúne representantes dos governos, em­presários e trabalhadores, com o objetivo de garantir o respeito aos direitos trabalhistas, sociais e econômicos de cada país.

REGIME AUTOMOTIVO

Em setembro, o diretor executivo do Sindicato responsável por políticas indus­triais, Wellington Messias Damasceno, alertou sobre as consequências que a abertura do comércio de automóveis com a União Europeia terá na indústria e nos empregos do País.

O alerta foi feito durante a discus­são sobre o novo Regime Automotivo brasileiro, o chamado Rota 2030, com representantes do governo, empresários e trabalhadores.

Ele explicou que o livre comércio só vai favorecer a indústria na Europa, já que a tendência é produzir apenas nas matrizes europeias e põe em risco a indústria na­cional, os empregos de qualidade que ela gera, o desenvolvimento da inteligência, engenharia e inovação no País.

No Brasil, apenas o agronegócio seria favorecido com a exportação de ‘commo­dities’, que são as matérias-primas que não passam por um processo industrial e tem baixo valor agregado, como a soja, café, algodão, laranja, alumínio e minério de ferro.