Escrito por: CUT-RS

Agricultores gaúchos ocupam Secretaria da Fazenda e cobram ações contra estiagem

Essa que é a pior estiagem dos últimos 30 anos levou 409 dos 497 municípios gaúchos a decretar situação de emergência

Carolina Lima – CUT/RS

Cerca de 700 agricultores familiares e camponeses ocuparam, na manhã desta quarta-feira (4), a entrada da Secretaria Estadual da Fazenda, em Porto Alegre, para cobrar do governo do Rio Grande do Sul a efetivação das medidas de combate à estiagem, anunciadas em 16 de fevereiro e até hoje não concretizadas.

Com o apoio da CUT-RS, a mobilização é coordenada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetraf-RS), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) e União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes).

409 dos 497 municípios do RS decretaram situação de emergência

Considerada a pior estiagem dos últimos 30 anos, que levou 409 dos 497 municípios gaúchos a decretar situação de emergência, esta é a primeira vez, depois da redemocratização do país, que os agricultores se deparam com um governo tão insensível com a realidade de quem trabalha de sol a sol para produzir alimentos.

Ainda em 10 de janeiro, as entidades do campo apresentaram ao governo estadual as reivindicações dos agricultores familiares e camponeses. Desde então, têm buscado incessantemente dialogar e construir soluções junto ao governo para amenizar as perdas com a estiagem.

Entretanto, o governo tem se mostrado desinteressado e insensível com a situação. Só enrolou os agricultores, fazendo anúncios que não se efetivaram e que não chegaram até quem mais precisa.

Ao longo desta quarta-feira, os agricultores familiares e camponeses seguirão em mobilização na capital gaúcha, com objetivo de cobrar que ainda hoje haja o anúncio de como e de que forma as medidas anunciadas chegarão até os agricultores.

As principais pautas dos agricultores são a liberação de um crédito emergencial de R$ 10 mil por família e um auxílio emergencial de um salário mínimo.

Promessas, enrolação e descaso

“Estamos de volta à capital gaúcha frente às promessas recebidas desde fevereiro pelo governo do estado e, desde então, só vem enrolando os agricultores. Agora disseram que a decisão está com a Secretaria da Fazenda e, por isso, viemos aqui para pressionar o governo. Muitos agricultores perderam toda a sua produção e não têm dinheiro para fazer novos plantios e produzir alimentos. Além disso, estamos sem financiamento do Pronaf”, protestou a secretária-geral adjunta da CUT-RS e diretora da Fetraf-RS, Cleonice Back.

O coordenador-geral da Fetraf-RS, Douglas Cenci, criticou a enrolação e o descaso do governo Eduardo Leite/Ranolfo Viera Jr., ambos do PSDB. "Estamos cansados de tanta enrolação e estamos fazendo mais um esforço para lembrar o governo do Estado dos compromissos assumidos com os agricultores. Esperamos que o governo efetive a liberação dos recursos para o crédito e auxílio emergencial ainda hoje", afirmou.

“Essa situação certamente vai ficar na história do Estado, pois o até então governador Eduardo Leite não fez nada de concreto para ajudar os camponeses e as camponesas. Por isso, mais uma vez estamos aqui na Capital para denunciar e anunciar o descaso que o governo teve com esse povo, que é tão importante para o desenvolvimento do nosso estado”, ressaltou o dirigente do MST, Ildo Pereira. 

Fruto da mobilização, o secretário da Fazenda agendou uma reunião com as entidades dos agricultores para as 11h30. 

Confira aqui a íntegra da matéria, com várias fotos e video da mobilização.