Escrito por: Redação CUT

Aliado de Bolsonaro, Roberto Jefferson atira e joga granada em policiais federais

Dois agentes da PF ficaram feridos por estilhaços de granada. Um repórter cinematográfico, agredido por apoiadores do ex-deputado, também. Bolsonaro mente e diz que não tem sequer uma foto com Jefferson

Reprodução/Redes sociais

Um dos principais adeptos da cultura da violência disseminada por bolsonaristas mais radicais, o aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) jogou três granadas e deu tiros de fuzil em agentes da Polícia Federal (PF) que foram cumprir mandado de prisão em sua casa neste domingo (23). Dois policiais foram feridos por estilhaços da granada e foram levados ao pronto socorro. Segundo a PF, após o atendimento médico, ambos foram liberados e passam bem.

Roberto Jefferson se entregou após 14h de negociação, que contou até com o padre Kelmon (PTB), outro bolsonarista e chegou no início da madrugada desta segunda-feira (24) ao Presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio. Ainda hoje, ele pode ser transferido para Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó.

O repórter cinematográfico Rogério de Paula, 59 anos, da Inter TV, afiliada da TV Globo, foi agredido por apoiadores do ex-deputado que estavam em frente à sua casa em Comendador Levy Gasparian, no interior do Estado do Rio, durante a negociação dom a PF para prendê-lo.  Ele levou um soco, caiu no chão, bateu a cabeça e teria tido um início de convulsão. A câmera que ele usava quebrou. O cinegrafista foi levado para o Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Três Rios, para exames. Ele está lúcido e não há sangramento.

Apesar de não ter o direito de usar armas de fogo, o ex-deputado costuma exibir armnas pesadas nas redes sociais. Isso ele pode agradecer ao seu amigo presidente. Bolsonaro já editou mais de 40 decretos para facilitar o acesso da população civil às armas. Uma média de 1.300 armas já chegou a ser comprada por brasileiros por dia, segundo o Instituto Sou da Paz.

A ordem de prisão do ex-deputado Roberto Jefferson foi dada pelo ministro Alexandre Moraes, do Superior Tribunal Federal (STF) um dia depois de Jefferson  xingar a ministra Cármen Lúcia, a comparando a "prostitutas", "arrombadas" e "vagabundas", em vídeo publicado nas redes sociais da filha Cristiane Brasil (PTB).

Lula fala em risco à democracia e culpa Bolsonaro por clima de ódio

O ex-presidente Lula (PT) disse que a atitudes como a do ex-deputado ‘não são aceitáveis e representam um risco à democracia do país’ e diz que Bolsonaro criou esse clima de ódio no Brasil.

"Não é um comportamento adequado, não é um comportamento normal", afirmou o candidato petista à imprensa neste domingo (23), em São Paulo, após conversa com influenciadores.

Para o petista, Bolsonaro "conseguiu criar nesse país uma parcela da sociedade brasileira raivosa, com ódio, mentirosa, que espalha fake news o dia inteiro".

Bolsonaro tenta se afastar de aliado, mas não consegue

Bolsonaro tentou se afastar do aliado fazendo uma postagem no Twitter repudiando as falas do ex-deputado contra Carmen Lucia e sua ação armada. Disse até que ’sequer tem alguma foto com Jefferson’. Uma mentira que qualquer rápida busca no Google pode desmentir.

Reprodução/redes sociais

Sobre Roberto Jefferson

O ex-deputado Roberto Jefferson está em prisão domiciliar desde janeiro deste ano, quando saiu do regime fechado por questões de saúde.  Em agosto do ano passado, ele teve a prisão decretada após propagar novas ameaças às instituições de justiça do país.

Jefferson cumpria prisão domiciliar, determinada no inquérito sobre uma organização criminosa que atenta contra o Estado Democrático de Direito.

Ele descumpriu várias medidas da prisão domiciliar, como passar orientações a dirigentes do PTB, usar as redes sociais, receber visitas, conceder entrevista e compartilhar fake news que atingem a honra e a segurança do STF e seus ministros, como ao ofender a ministra Cármem Lúcia.

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal disse que "é totalmente inaceitável qualquer tipo de violência contra policiais federais".