Escrito por: CUT-RS

Aliados do governador do RS manobram e reajuste do mínimo regional não é votado

O projeto foi encaminhado à Assembleia gaúcha pelo próprio Eduardo Leite, em 18 de fevereiro. Dos três estados do Sul, só o RS não reajustou o mínimo regional

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A maioria dos deputados da base aliada do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), retirou o quórum no plenário da Assembleia Legislativa, na tarde desta quarta-feira (21), impedindo a aprovação do projeto de lei que prevê reajuste para o salário mínimo do estado.

Quando a base aliada do tucano concluiu a manobra, 12 projetos estavam na pauta para votação, entre eles, o Projeto de Lei (PL) nº 35/2020 que estabelece reajuste de 4,5% no valor do salário mínimo regional para repor a inflação de 2019, ou seja, antes da pandemia. Com o aumento, as cinco faixas salariais ficariam entre R$ 1.292,82 e R$ 1.638,36.

O projeto, encaminhado à Casa pelo próprio governador em 18 de fevereiro, ainda não foi votado pelos parlamentares. Isso significa que o salário de cerca de 1,3 milhão de trabalhadores e trabalhadoras do Rio Grande do Sul está congelado.

Dos três estados do Sul, somente o RS ainda não efetuou o reajuste deste ano. Santa Catarina aprovou aumento de 4,96% e o Paraná, 5,86%. A data-base do chamado piso regional é 1º de fevereiro.

“Os deputados governistas, muitos submissos aos interesses das federações empresariais, que querem acabar com o piso regional, retiraram o quórum para não se exporem às vésperas das eleições municipais”, afirma o secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, Claudir Nespolo.

CUT-RS“Temos que continuar pressionando os deputados da base do governo e os seus candidatos a prefeitos e vereadores, a fim de que seja votado o quanto antes o reajuste do mínimo regional, que representa mais dinheiro do bolso da classe trabalhadora que recebe os menores salários no Estado para injetar na economia local e incentivar o crescimento econômico”, destacou o dirigente.

Oposição quer votação imediata

O deputado Luiz Fernando Mainardi, líder da bancada do PT, defendeu a votação imediata do projeto enviado sem regime de urgência. “O governador encaminhou o projeto em fevereiro, não sei se é verdadeiro ou faz de conta, já que as matérias que encaminha são votadas com razoável rapidez aqui”, criticou Mainardi.

O parlamentar ressaltou a importância do reajuste do piso regional. “O governador quer aprovar o piso ou não? Nós queremos, porque o piso regional é referência para várias categorias que não são assistidas por acordos coletivos, como as trabalhadoras domésticas”.

Mainardi lembrou que as pessoas de mais baixa renda têm no mínimo regional a condição de melhorar a sua renda. “Faz parte de uma visão de desenvolvimento que as pessoas que tenham menos renda tenham ao menos o seu poder de compra recomposto pela reposição salarial”, defendeu.

“Pensei que já estivesse superada a ideia equivocada de que ampliar o poder de compra dos trabalhadores é problema para economia. Aumentar a renda de quem ganha menos é criar um círculo virtuoso, que faz a economia girar ao mesmo tempo que faz justiça”, completou o deputado.

Fonte: CUT-RS com Eliane Silveira / AL-RS