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Aloizio Mercadante será presidente do BNDES, avisa Lula ao ‘glorioso mercado’

Em ato de entrega dos relatórios da transição, Lula desafia os críticos do “invisível mercado” e anuncia Mercadante no BNDES. “Precisamos pensar em desenvolvimento, em reindustrialização”

Publicado: 14 Dezembro, 2022 - 09h04 | Última modificação: 14 Dezembro, 2022 - 13h15

Escrito por: Paulo Donizetti de Souza, da RBA

Ricardo Stuckert
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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o ex-ministro Aloizio Mercadante, coordenador dos grupos técnicos do Gabinete de Transição, será o novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES. “Ouvi algumas críticas sobre boatos de que você vai ser o presidente do BNDES. Eu queria dizer pra vocês que não é mais boato: Aloizio Mercadante será presidente do BNDES”, afirmou Lula.

“Nós estamos precisando de alguém que pense em desenvolvimento, em reindustrializar este país. Que pense em inovação tecnológica. Em alguém que pense na geração de financiamento ao pequeno, ao grande e ao médio empresário para que este país volte a gerar emprego”, disse Lula, provocando os setores da imprensa que costumam reproduzir uma suposta voz crítica do “mercado”.

As supostas ressalvas do mercado financeiro ao nome de Aloizio Mercadante no BNDES estão associadas a seu papel de peso no governo Dilma Rousseff. Mercadante foi ministro da Educação, da Ciência e Tecnologia e da Casa Civil de Dilma. Os opositores do PT sempre preferem lembrar das dificuldades sofridas pela gestão da ex-presidente dos resultados dos governos Lula.

Mas o presidente eleito fez questão de provocar. “Eu queria dizer ao glorioso mercado, que muitas vezes parece invisível: ao tentarem julgar o que estamos fazendo, digam se em algum momento da vida do mercado brasileiro ganharam tanto dinheiro como no meu tempo. Pergunte ao agronegócio, aos empresários da indústria, aos banqueiros, se ganharam tanto”, desafiou.

E emendou: “Mas também perguntem aos bancários, aos comerciários, às pessoas que ganham salário mínimo. Porque nós provamos que é possível governar para todos de verdade. O crescimento do PIB não é um número para ser usado em manchete e só tem sentido se a gente distribuir com aqueles que produziram o crescimento, que é o povo trabalhador”.

Fim da transição

O presidente eleito fez o anúncio ao final do ato de encerramento dos trabalhos do Gabinete de Transição de governo, na tarde desta terça-feira (13). Lula recebeu os relatórios de todos os grupos técnicos com diagnósticos da situação do país, que servirão de base para sua equipe de governo.

São propostas para “desarmar as bombas” deixadas pelo atual governo e de ações para os 100 primeiros dias de gestão. Os relatórios serão endossados ou revistos pelos ministros e reapresentados ao presidente que tomará posse em 1º de janeiro.

Lula enfatizou a importância da recuperação das pastas da Educação e da Saúde, que considera vitais para a qualidade de vida e foram abandonadas pelo governo que termina.

Disse ainda, ao enfatizar as razões para a ida de Alozio Mercadante ao BNDES, que pretende encerrar a era das privatizações. “Vamos fazer o povo acreditar que neste país acabou o complexo de vira-lata. Não somos inferiores a ninguém, somos iguais a todo mundo e queremos ser donos de nosso território. Vão acabar a privatizações. E as empresas públicas vão poder provar sua rentabilidade.”

O presidente eleito convidou o capitalismo global a investir no Brasil. “E nós queremos dizer ao mundo inteiro: quem quiser vir para cá, venha. Porque tem trabalho, tem projetos novos para investimentos. Mas não venha para comprar nossas empresas públicas, porque não estarão à venda. Nosso país vai voltar ser respeitado, e com soberania.”

O novo governo pretende restaurar a respeitabilidade do Brasil no mundo. “Eu vou começar a viajar logo que eu tomar posse, porque é preciso recuperar o prestígio que o Brasil tinha. Nos Estados Unidos, na China, na Alemanha, na França, na Argentina, em qualquer parte do mundo. E quem quiser ganhar dinheiro venha para este país. Venha investir porque tem espaço para todo mundo.”

Pode cobrar

Lula pediu ainda para ser cobrado pelos compromissos assumidos e assinalou o período de quatro anos de governo. “Me cobrem, porque este país não pode retroceder. Vai ter que avançar, e o povo vai ter que ter prazer de ser governado outra vez pelo PT e os partido aliados.”

Ao abrir o ato de entrega dos relatórios, em entes de ser anunciado para presidir o BNDES, Aloizio Mercadante ressaltou que o programa de governo da coligação Brasil da Esperança teve ampla participação da sociedade e de diversos partidos. Mercadante foi um dos principais coordenadores da elaboração do programa, como presidente da Fundação Perseu Abramo, braço acadêmico do PT.

Economista, foi deputado federal e senador. Disputou a eleição presidencial de 1998 como vice da chapa de Lula.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico foi criado em 1952 pelo governo de Getulio Vargas. Ganhou o “S” de Social na sigla e na concepção, com o objetivo de fomentar, por meio de concessão de créditos a taxas inferiores ao mercado convencional, o estímulo às empresas de de todos os portes.

Assista ao ato de encerramento da transição