Escrito por: Redação RBA

Alta de combustíveis agrava sobrevivência de trabalhadores precarizados

Combustíveis têm preços elevados pela 6ª vez no ano, o que afeta toda a economia, a inflação e o crescimento do país. Brasil paga “preço de escolha política dos governos Temer e Bolsonaro”, diz o Dieese

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Pela sexta vez no ano, a Petrobras elevou nesta terça-feira (9) os preços dos combustíveis, o que agrava em especial a sobrevivência de trabalhadores precarizados. A medida, mais uma vez, coloca em questão o acesso ao gás de cozinha e aperta a margem de sobrevivência econômica de caminhoneiros, motoristas de aplicativos e entregadores. E todos aqueles que têm no deslocamento pela cidade sua fonte de renda. É o que alerta o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Júnior, em sua coluna na Rádio Brasil Atual.

De acordo com o especialista, os reajustes progressivos, anunciados pela Petrobras, estão “retirando a renda de setores muito precarizados em que o preço dos combustíveis interferem na sua remuneração”. Em pouco mais de dois meses, os reajustes acumulados no ano nas refinarias já chegaram a 54% na gasolina, ultrapassando a casa dos R$ 5 na maioria dos postos, e de 41,6% no óleo diesel. Nesta terça-feira (9), a gasolina e o diesel sofreram novo aumento de 8,8% e 5,5%, respectivamente.

O impacto dos aumentos

Tudo isso para “garantir a taxa de retorno dos acionistas da Petrobras, dos importadores de combustível e dos grandes produtores de etanol”, aponta o Dieese. O “preço de uma escolha” que o Brasil paga desde o governo de Michel Temer ao atual de Jair Bolsonaro com uma política de preços atrelada ao mercado internacional e ao dólar. “Mas teoricamente, porque na prática normalmente ela tem flutuado para cima. Todas as vezes que o preço do petróleo e do câmbio se reduz, de alguma forma, essa redução acaba ficando com o distribuidor”, ressalta. 

“E isso traz impactos diretos na vida das pessoas, cotidianamente elas estão com muita dificuldade. Primeiro para lidar com a alta do preço de um botijão de gás, passando da casa dos R$ 80, em alguns lugares chegando a quase R$ 90. E de alguma forma isso vai afetando diversos setores. No caso dos trabalhadores, em geral, estamos vendo um impacto grande nos trabalhadores de aplicativo, do transporte, taxistas”, explica. 

“Essa forma como a Petrobras escolhe de organizar o preço está de algum modo ligada ao aumento da desigualdade e da concentração de renda”, completa. 

Política de preços intocável 

Os reajustes ainda provocam impactos mais gerais, prejudicando toda a economia, contribuindo para a inflação e impedindo o crescimento econômico. O país, segundo Fausto, está num “looping” em que o preço dos combustíveis aumenta por conta do câmbio. Que por sua vez varia de acordo com o “humor do mercado” que “estressado” contribui para elevar o dólar e em sequência o preço da gasolina. “E isso não faz o menor sentido”, pontua o diretor técnico. 

A solução, define o Dieese, passa por enfrentar o sistema de preços da Petrobras. Mas o que o país está vendo é uma “lambança”, destaca, com relação às medidas de redução dos impostos federais anunciada na semana passada por Bolsonaro. A proposta, comenta Fausto, retira os recursos de arrecadação do próprio Estado e não impacta no bolso do consumidor. A tendência, ainda segundo ele, é que com a venda das refinarias da Petrobras, a dependência do mercado internacional e essa oscilação de preços para cima se torne ainda pior. 

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